Cinco rinocerontes-negros, espécie Criticamente Em Perigo, nasceram na República Checa, Reino Unido e Dinamarca e foram libertados no Ruanda a 23 de Junho.
Os cinco rinocerontes-negros-orientais (Diceros bicornis ssp. michaeli) foram reintroduzidos no Parque Nacional de Akagera, no Ruanda.
As populações selvagens desta espécie estão a diminuir de forma preocupante, principalmente por causa da caça ilegal para a obtenção do seu chifre. Em África, existem apenas 1.000 rinocerontes-negros-orientais.
Para tentar ajudar a travar esta tendência foi montada uma operação de reintrodução de animais na natureza, no Ruanda, através de uma cooperação inédita entre o Governo do Ruanda, a Associação Europeia de Zoos e Aquários (EAZA) e a organização não governamental de conservação, African Parks.
A EAZA criou um programa para a conservação da espécie que conseguiu uma “população de rinoceronte-negro saudável e sustentável”, disse, em comunicado, Mark Pilgrim, coordenador do Programa de Conservação do Rinoceronte-negro-oriental e CEO do Zoo de Chester no Reino Unido.
Os animais selecionados para reprodução foram três fêmeas e dois machos, com idades compreendidas entre dois e nove anos.
Estes rinocerontes nasceram nos zoos europeus Safari Park Dvůr Králové (República Checa), Flamingo Land (Reino Unido) e Ree Park Safari (Dinamarca) e têm sido preparados para a possível reintrodução que aconteceu no sábado passado.
Durante o transporte os animais foram acompanhados e monitorizados por um tratador experiente do Safari Park Dvůr Králové e pelo veterinário Pete Morkel, especialista em transporte de rinocerontes. Os especialistas acompanharam a libertação dos animais no Parque Nacional de Akagera.
“A reintrodução de animais em habitat natural é um processo moroso que implica a constituição prévia de uma população geneticamente saudável e a garantia de que o habitat está preparado para receber os animais”, segundo o Jardim Zoológico de Lisboa, em comunicado.
Após uma avaliação, os peritos concluíram que o Parque Nacional de Akagera tem as condições ideais para a reintrodução destes animais, uma vez que desde 2010 o Parque tem sido submetido a alterações nesse sentido.
Actualmente, com a caça praticamente eliminada, tem sido possível a reintrodução de espécies-chave como leões (2015), que triplicaram o número de indivíduos, e rinocerontes (2017).
Os esforços de conservação e o turismo permitiram que o parque seja quase autossuficiente, gerando dois milhões de dólares americanos por ano, utilizados para desenvolver o Parque e as comunidades vizinhas.
“Foram estas mudanças que contribuíram para que a EAZA e os zoos associados concordassem com a reintrodução dos animais neste espaço.”
Přemysl Rabas, director do Safari Park Dvr Králové, acredita que “ao realizar um processo de aclimação gradual planeado e bem monitorizado, estes rinocerontes vão-se adaptar bem ao Ruanda”.
Inicialmente, os animais serão mantidos em áreas cercadas para a sua adaptação e mais tarde “vão disfrutar de instalações maiores numa área protegida. O passo final será a libertação na parte norte do Parque Nacional”.
“O transporte de cinco rinocerontes da Europa é histórico e simbólico e demonstra o que é possível fazer quando parceiros colaboram na proteção e recuperação de uma espécie verdadeiramente ameaçada”, comentou Jes Gruner, gerente de parques do Parque Nacional de Akagera.
O Jardim Zoológico de Lisboa, membro fundador da EAZA, já reintroduziu uma fêmea de rinoceronte-negro em habitat natural, na África do Sul. Desde então, “esta fêmea já contribuiu com, pelo menos, cinco novas crias”, salientou.