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Ria Formosa: criadas duas áreas refúgio para proteger cavalos-marinhos

11.03.2020

A partir de 3 de Março está proibida a circulação de todas as embarcações em duas áreas da Ria Formosa, para travar o desaparecimento dos cavalos-marinhos, segundo as capitanias dos portos de Olhão e de Faro.

 

Em dois editais, que entraram em vigor a 3 de Março, as capitanias de Olhão e de Faro determinam a “suspensão temporária da circulação de todas as embarcações na área do espaço lagunar da Ria Formosa” em duas zonas: no recovo a nascente do núcleo da Culatra (Ilha da Culatra), em Olhão, e na Geada, a Norte da Cabeça do Morgado, em Faro.

Esta medida surge para salvaguardar os cavalos-marinhos da Ria Formosa. Qualquer infracção ao estabelecido nestes editais será sancionada de acordo com a lei penal vigente.

“A Ria Formosa tem a maior comunidade de cavalos-marinhos do mundo, em resultado desta ria ter condições e factores naturais únicos para o desenvolvimento da espécie”, segundo os dois editais.

 

Cavalo-marinho-de-focinho-curto. Foto: Hans Hillewaert/WikiCommons

 

Mas esta população protegida “tem vindo a diminuir, encontrando-se em vias de extinção devido, fundamentalmente, à acção humana e à diminuição de plantas marinhas no fundo da ria”, acrescentam os editais. Estes “têm sido factores determinantes para o seu desaparecimento”.

A captura de cavalos-marinhos, espécies do género Hippocampus, está proibida por lei. A sua comercialização é considerada um crime ambiental, segundo a CITES (Convenção Internacional das Espécies da Fauna e da Flora Selvagens Ameaçadas de Extinção).

 

Cavalo-marinho-de-focinho-comprido. Foto: Florin Dumitrescu/WikiCommons

 

Na Ria Formosa ocorrem duas espécies de cavalo-marinho: o cavalo-marinho-de-focinho-comprido (Hippocampus guttulatus) e o cavalo-marinho-de-focinho-curto (Hippocampus hippocampus). Ambas são ameaçadas pela degração ambiental, pela captura acessória em artes de pesca e ainda pela sobre-exploração ligada à medicina tradicional e à aquarofilia, como aliás acontece com os cavalos-marinhos em todo o mundo.

Em 2000, concluiu-se que a Ria Formosa era o local com maior densidade populacional destas duas espécies, a nível mundial, mas novos estudos realizados uma década depois apontaram para “um decréscimo dramático, superior a 90%, por causas ambientais ainda desconhecidas”, segundo o Instituto de Conservação da Natureza (ICNF).

Entre 2001 e 2009, as populações de cavalos-marinhos da Ria Formosa registaram um declínio de 85%, segundo a Universidade do Algarve e o projecto Sea Horse.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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