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Foto: Joana Bourgard / Wilder

Projecto da SPEA quer despertar cidadãos para a biodiversidade urbana

23.01.2018

O Parque Tejo e a Quinta das Conchas, em Lisboa, e o Parque da Paz, em Almada, são três espaços verdes onde a Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA) vai apostar em projectos de sensibilização e educação ambiental nos próximos dois anos.

 

“Queremos chamar a atenção para o facto de nos centros urbanos também haver biodiversidade que merece ser conhecida pelo público em geral”, disse à Wilder a coordenadora do Departamento de Cidadania Ambiental da SPEA, Alexandra Lopes.

Estes três parques urbanos vão juntar-se ao projecto “Cidadania Ambiental”, coordenado pela associação, que já era co-financiado pela Toyota Motor Corporation desde o início de 2016. A SPEA ganhou agora uma nova candidatura para uma bolsa do fabricante automóvel japonês, para continuar a co-financiar este projecto durante mais dois anos.

 

aspecto do lado, com patos e um letreiro
Lago do Parque da Paz, em Almada. Foto: Paulo Juntas/Wiki Commons

 

Tanto em Lisboa como em Almada, a aposta principal vai para a realização de iniciativas que chamem a atenção para a biodiversidade. Assim, vão começar a organizar-se “saídas de campo que mostrem às pessoas o que lá existe”, adiantou Alexandra Lopes.

“Uma vez que o projecto nos outros sítios estava a correr bem, pensámos: ‘Por que não trabalhar em locais urbanos para mostrar aos cidadãos que nas cidades há biodiversidade que precisa de ser protegida, e a partir daí alargar o seu interesse para outras áreas?’.”

 

Mais aposta na formação

A Barrinha de Esmoriz, em Ovar, e a Lagoa dos Salgados, no Algarve, foram os primeiros dois locais do projecto “Cidadania Ambiental”, iniciado em 2016. No ano passado, juntou-se a Lagoa Pequena, onde a SPEA já tinha uma parceria com a Câmara Municipal de Sesimbra para as área da educação e sensibilização ambiental.

Para esses três locais, a lógica inicial vai manter-se: “Vamos fazendo acções, à medida que os nossos parceiros identificarem necessidades.”

Ponto assente é que as acções de sensibilização ambiental e de voluntariado vão continuar, mas vão aumentar as iniciativas de formação que ensinem a identificar aves, a fazer monitorização das espécies e que “possibilitem às pessoas serem vigilantes destes sítios”. Isto para que “fiquem com conhecimentos que possam aplicar em prol desses sítios, no futuro.”

 

Pilritos-das-praias na Barrinha de Esmoriz (zona da Lagoa de Paramos). Foto: D.R.

 

Qual é o balanço dos primeiros dois anos? “A criação de parcerias com as entidades locais foi o ponto forte do projecto”, incluindo autarquias, universidades e associações, frisou Alexandra Lopes. Na Lagoa dos Salgados, um concurso realizado com as escolas envolveu também a Agência Portuguesa para o Ambiente.

Já a mobilização das populações locais foi diferente do que esperavam. “Tínhamos pensado que ia ser fácil conseguir a mobilização de pessoas locais, para que formassem grupos comprometidos com objectivos a médio e longo prazo, mas percebemos que as pessoas preferem comprometer-se e envolver-se em acções pontuais.”

“Por isso, agarrámos-nos mais às entidades locais”, explicou a coordenadora do Departamento de Cidadania Ambiental, sublinhando: “Temos aprendido muito com este projecto.”

Contas feitas, as acções de voluntariado – como remoção de plantas invasoras, remoção de lixo e monitorização de aves – tiveram cerca de 170 participantes, na Barrinha de Esmoriz e Lagoa dos Salgados. Já as iniciativas de sensibilização e educação ambiental, que incluíram as escolas, contaram com 840 pessoas. Houve também acções de formação, seminários e produção de material pedagógico.

O projeto da SPEA foi um dos 28 novos projectos ambientais aprovados pela Toyota, e voltou a ser o único na Europa, uma vez que outros 18 foram japoneses e os restantes provenientes de África e da Ásia.

 

[divider type=”thin”]Saiba mais.

Recorde como começou este projecto de cidadania ambiental, numa reportagem da Wilder.

Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.

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