O Parque Tejo e a Quinta das Conchas, em Lisboa, e o Parque da Paz, em Almada, são três espaços verdes onde a Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA) vai apostar em projectos de sensibilização e educação ambiental nos próximos dois anos.
“Queremos chamar a atenção para o facto de nos centros urbanos também haver biodiversidade que merece ser conhecida pelo público em geral”, disse à Wilder a coordenadora do Departamento de Cidadania Ambiental da SPEA, Alexandra Lopes.
Estes três parques urbanos vão juntar-se ao projecto “Cidadania Ambiental”, coordenado pela associação, que já era co-financiado pela Toyota Motor Corporation desde o início de 2016. A SPEA ganhou agora uma nova candidatura para uma bolsa do fabricante automóvel japonês, para continuar a co-financiar este projecto durante mais dois anos.
Tanto em Lisboa como em Almada, a aposta principal vai para a realização de iniciativas que chamem a atenção para a biodiversidade. Assim, vão começar a organizar-se “saídas de campo que mostrem às pessoas o que lá existe”, adiantou Alexandra Lopes.
“Uma vez que o projecto nos outros sítios estava a correr bem, pensámos: ‘Por que não trabalhar em locais urbanos para mostrar aos cidadãos que nas cidades há biodiversidade que precisa de ser protegida, e a partir daí alargar o seu interesse para outras áreas?’.”
Mais aposta na formação
A Barrinha de Esmoriz, em Ovar, e a Lagoa dos Salgados, no Algarve, foram os primeiros dois locais do projecto “Cidadania Ambiental”, iniciado em 2016. No ano passado, juntou-se a Lagoa Pequena, onde a SPEA já tinha uma parceria com a Câmara Municipal de Sesimbra para as área da educação e sensibilização ambiental.
Para esses três locais, a lógica inicial vai manter-se: “Vamos fazendo acções, à medida que os nossos parceiros identificarem necessidades.”
Ponto assente é que as acções de sensibilização ambiental e de voluntariado vão continuar, mas vão aumentar as iniciativas de formação que ensinem a identificar aves, a fazer monitorização das espécies e que “possibilitem às pessoas serem vigilantes destes sítios”. Isto para que “fiquem com conhecimentos que possam aplicar em prol desses sítios, no futuro.”
Qual é o balanço dos primeiros dois anos? “A criação de parcerias com as entidades locais foi o ponto forte do projecto”, incluindo autarquias, universidades e associações, frisou Alexandra Lopes. Na Lagoa dos Salgados, um concurso realizado com as escolas envolveu também a Agência Portuguesa para o Ambiente.
Já a mobilização das populações locais foi diferente do que esperavam. “Tínhamos pensado que ia ser fácil conseguir a mobilização de pessoas locais, para que formassem grupos comprometidos com objectivos a médio e longo prazo, mas percebemos que as pessoas preferem comprometer-se e envolver-se em acções pontuais.”
“Por isso, agarrámos-nos mais às entidades locais”, explicou a coordenadora do Departamento de Cidadania Ambiental, sublinhando: “Temos aprendido muito com este projecto.”
Contas feitas, as acções de voluntariado – como remoção de plantas invasoras, remoção de lixo e monitorização de aves – tiveram cerca de 170 participantes, na Barrinha de Esmoriz e Lagoa dos Salgados. Já as iniciativas de sensibilização e educação ambiental, que incluíram as escolas, contaram com 840 pessoas. Houve também acções de formação, seminários e produção de material pedagógico.
O projeto da SPEA foi um dos 28 novos projectos ambientais aprovados pela Toyota, e voltou a ser o único na Europa, uma vez que outros 18 foram japoneses e os restantes provenientes de África e da Ásia.
[divider type=”thin”]Saiba mais.
Recorde como começou este projecto de cidadania ambiental, numa reportagem da Wilder.