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Operação Thunder 2021. Foto: GNR

Operação contra tráfico de espécies selvagens acaba em três detidos e em mais de 1.500 aves apreendidas

03.12.2021

Durante o mês de Outubro, várias entidades portuguesas participaram na Operação “Thunder 2021”, da Interpol, que acabou na detenção de três pessoas e na apreensão de 1.549 aves, quatro cavalos-marinhos e 200 plantas.

Um grupo de entidades, coordenadas em Portugal pela Guarda Nacional Republicana (GNR) e pela Autoridade Tributária e Aduaneira (AT), realizaram mais de 20 ações de investigação e/ou fiscalização ao longo de Outubro.

Essas acções acabaram em três detenções, nove autos de notícia e 28 autos de contraordenação.

A operação Thunder 2021 – na qual participaram a Polícia de Segurança Pública (PSP), Polícia Judiciária (PJ), Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), Direção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV) e Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) – aconteceu no âmbito da CITES (Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies da Fauna e da Flora Selvagem Ameaçadas de Extinção). Esta convenção, à qual aderiram mais de 180 países e que entrou em vigor a 1 de Julho de 1975, tem como objetivo assegurar que o comércio de animais e plantas não coloque em risco a sua sobrevivência no estado selvagem. Actualmente regula o comércio de mais de 38.000 espécies selvagens de plantas e de animais.

Operação Thunder 2021. Foto: GNR

Acabaram por ser apreendidas 1.549 aves, entre elas 136 pintassilgos (Carduelis carduelis), 95 bicos-de-lacre (Estrilda astrild), 35 tecelões de cabeça amarela (Ploceus megarhynchus), três catatuas-de-crista-amarela (Cacatua sulphurea), 20 pardais-de-Java (Lonchura oryzivora), 15 tentilhões (Fringilla coelebs), entre outras dezenas de espécies.

Além das aves, a operação apreendeu ainda espécimes de outros grupos, incluindo quatro cavalos-marinhos (Hippocampus sp.), três crânios de crocodilos (Crocodylus niloticus e Crocodylus siamensis), quatro corais brancos (Acropora sp.); uma concha rainha (Strombus gigas), duas mandíbulas de raia-viola (Rhynchobatus djiddensis) e uma iguana (Iguana iguana).

As autoridades apreenderam plantas também, nomeadamente 100 cactos (Echinocactus grusonii) e 100 plantas de Jade (Crassula ovata).

A operação “Thunder 2021” aconteceu em 118 países e culminou na detenção de 300 pessoas. Foram apreendidos 856 quilos de escamas de pangolins, 487 quilos de produtos derivados do marfim e 478 quilos de peças de marfim. Além disso, foram apreendidas 531 tartarugas, 336 répteis, 1,4 milhões de itens derivados de plantas e mais de 75 toneladas de madeira, incluindo 313 metros cúbicos de pau-rosa.

As autoridades alfandegárias da Costa Rica apreenderam um carregamento sem a documentação necessária de 113 orquídeas vivas. Foto: Autoridades alfandegárias da Costa Rica

Por exemplo, as autoridades nos Países Baixos interceptaram 145 cobras e outros répteis dentro de bagagens no Aeroporto Internacional de Schiphol, bem como 454 aves vivas, a maioria aves canoras africanas.

Milhares de carros, camiões, barcos e aviões de carga suspeitos de transportarem vida selvagem protegida e madeira foram investigados, muitas vezes com cães e scanners de raio-X.

“As redes de crime organizado estão a gerar milhões de lucro ilícito todos os anos, com um custo significativo para o nosso ambiente e com os impactos associados de fraude, corrupção e violência”, comentou, em comunicado, Jurgen Stock, secretário-geral da Interpol.

“O volume das apreensões feitas durante a Operação Thunder 2021 provam o quão grave é a ameaça do crime organizado transnacional para as espécies selvagens e os seus ecossistemas”, acrescentou, por sua vez, Ivonne Higuero, secretária-geral da CITES.

“Devemos trabalhar em conjunto, combinar diferentes competências, mandatos e recursos para reduzir as ameaças à vida selvagem e para vivermos em harmonia com a natureza”, acrescentou Higuero.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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