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Águia-imperial-ibérica. Foto: Juan Lacruz/Wiki Commons

Em Portugal, nasceram 20 águias-imperiais com sucesso em 2019

02.03.2020

Dados avançados pelo Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) indicam que número de crias se manteve semelhante ao ano anterior. Objectivo é seguir cinco águias por GPS em 2020.

 

Tal como tinha sucedido no ano anterior, houve 17 casais reprodutores de águia-imperial-ibérica (Aquila adalberti) que nidificaram em território português. Dois dos ninhos situaram-se na região do Tejo Internacional (Beira Alta) e os restantes no Alto e Baixo Alentejo, zonas onde esta ave se reproduz.

Segundo o ICNF, numa resposta enviada à Wilder, “todos os casais conseguiram fazer ninho mas nem todos conseguiram ter crias”. Houve registo do nascimento de 22 pequenas águias – menos uma do que em 2019 – mas desse total foi possível observar 20 crias a voar. Ou seja, terão sido estas últimas as que conseguiram sobreviver com sucesso, num número também igual a 2019.

A águia-imperial-ibérica é considerada Em Perigo Crítico de extinção em Portugal, onde só voltou a nidificar em 2003, depois de ter deixado de se reproduzir no país durante os anos 80. Esta águia muito grande caracteriza-se pelas asas longas e uniformemente largas e cauda relativamente curta.

 

águia-imperial-ibérica em voo
Águia-imperial-ibérica. Foto: Juan Lacruz/Wiki Commons

 

O envenenamento ilegal e os incidentes de electrocussão são duas das principais ameaças ao futuro destas águias, que se reproduzem apenas nalgumas regiões de Portugal e Espanha. O declínio do coelho-bravo prejudica também esta ave de rapina, que depende muito desse mamífero na sua alimentação.

E por isso, um dos principais meios para a conservação desta espécie tem sido apoiar o aumento de coelhos com a construção de abrigos artificiais, os chamados maroços. Esta tem sido uma das acções do projecto LIFE Imperial, que desde 2014 trabalha com o objectivo de melhorar a conservação da águia-imperial-ibérica.

A construção de ninhos artificiais para estas aves e o combate ao uso ilegal de venenos, tal como a educação ambiental, são outras acções deste projecto comparticipado por fundos comunitários, que termina em Junho deste ano. Coordenado pela Liga para a Protecção da Natureza (LPN), tem como parceiros a GNR, o ICNF, a EDP Distribuição, a Câmara Municipal de Castro Verde, a Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, a Sociedade Espanhola de Ornitologia (SEO/Birdlife) e a empresa Tragsatec.

 

águia de perfil, pousada num ramo
Águia-imperial-ibérica. Foto: José Luís Barros / Life Imperial

 

Outra aposta do LIFE Imperial foi o seguimento de águias-imperiais por GPS, com a marcação de 17 crias ainda no ninho com emissores à distância nestes últimos anos. Desta forma, enquanto os aparelhos se mantiveram activos, foi possível estudar o comportamento dessas águias, que procuram outros territórios antes de se tornarem adultas e regressarem aos territórios onde nasceram.

 

Biotrans quer seguir águias-imperiais

Apesar do final deste projecto para breve, há planos para seguir cinco águias-imperiais à distância durante o ano de 2020, ligados desta vez ao projecto Biotrans. De acordo com o ICNF, que no final do ano passado divulgou que tinha sido marcada uma cria de águia-imperial, o cumprimento deste objectivo “depende sempre da existência de condições de captura”.

O Biotrans – Gestão Integrada da Biodiversidade na Região Transfronteiriça é um projecto luso-espanhol apoiado por fundos comunitários no âmbito do programa Interreg Poctep. O objetivo geral é a “gestão integrada da biodiversidade no Centro-Alentejo-Extremadura, através da implementação de acções concertadas entre Portugal e Espanha para proteger e conservar grupos biológicos e espécies identificadas na área”, indica também o instituto. Estão previstas acções de “melhoria do status de conservação de espécies e populações de flora e fauna ameaçadas, raras e endêmicas, através da gestão e restauros adequadas dos habitats”.

Em vigor desde Abril do ano passado, o Biotrans tem como parceiros a Junta da Extremadura espanhola, o ICNF, a Universidade de Évora, a fundação CBD para a Conservação da Biodiversidade e o seu Habitat, e a Quercus.

 

[divider type=”thin”]Saiba mais.

Recorde como se fazem os trabalhos de marcação das águias-imperiais-ibéricas no ninho, neste artigo da Wilder.

Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.

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