Dados avançados pelo Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) indicam que número de crias se manteve semelhante ao ano anterior. Objectivo é seguir cinco águias por GPS em 2020.
Tal como tinha sucedido no ano anterior, houve 17 casais reprodutores de águia-imperial-ibérica (Aquila adalberti) que nidificaram em território português. Dois dos ninhos situaram-se na região do Tejo Internacional (Beira Alta) e os restantes no Alto e Baixo Alentejo, zonas onde esta ave se reproduz.
Segundo o ICNF, numa resposta enviada à Wilder, “todos os casais conseguiram fazer ninho mas nem todos conseguiram ter crias”. Houve registo do nascimento de 22 pequenas águias – menos uma do que em 2019 – mas desse total foi possível observar 20 crias a voar. Ou seja, terão sido estas últimas as que conseguiram sobreviver com sucesso, num número também igual a 2019.
A águia-imperial-ibérica é considerada Em Perigo Crítico de extinção em Portugal, onde só voltou a nidificar em 2003, depois de ter deixado de se reproduzir no país durante os anos 80. Esta águia muito grande caracteriza-se pelas asas longas e uniformemente largas e cauda relativamente curta.
O envenenamento ilegal e os incidentes de electrocussão são duas das principais ameaças ao futuro destas águias, que se reproduzem apenas nalgumas regiões de Portugal e Espanha. O declínio do coelho-bravo prejudica também esta ave de rapina, que depende muito desse mamífero na sua alimentação.
E por isso, um dos principais meios para a conservação desta espécie tem sido apoiar o aumento de coelhos com a construção de abrigos artificiais, os chamados maroços. Esta tem sido uma das acções do projecto LIFE Imperial, que desde 2014 trabalha com o objectivo de melhorar a conservação da águia-imperial-ibérica.
A construção de ninhos artificiais para estas aves e o combate ao uso ilegal de venenos, tal como a educação ambiental, são outras acções deste projecto comparticipado por fundos comunitários, que termina em Junho deste ano. Coordenado pela Liga para a Protecção da Natureza (LPN), tem como parceiros a GNR, o ICNF, a EDP Distribuição, a Câmara Municipal de Castro Verde, a Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, a Sociedade Espanhola de Ornitologia (SEO/Birdlife) e a empresa Tragsatec.
Outra aposta do LIFE Imperial foi o seguimento de águias-imperiais por GPS, com a marcação de 17 crias ainda no ninho com emissores à distância nestes últimos anos. Desta forma, enquanto os aparelhos se mantiveram activos, foi possível estudar o comportamento dessas águias, que procuram outros territórios antes de se tornarem adultas e regressarem aos territórios onde nasceram.
Biotrans quer seguir águias-imperiais
Apesar do final deste projecto para breve, há planos para seguir cinco águias-imperiais à distância durante o ano de 2020, ligados desta vez ao projecto Biotrans. De acordo com o ICNF, que no final do ano passado divulgou que tinha sido marcada uma cria de águia-imperial, o cumprimento deste objectivo “depende sempre da existência de condições de captura”.
O Biotrans – Gestão Integrada da Biodiversidade na Região Transfronteiriça é um projecto luso-espanhol apoiado por fundos comunitários no âmbito do programa Interreg Poctep. O objetivo geral é a “gestão integrada da biodiversidade no Centro-Alentejo-Extremadura, através da implementação de acções concertadas entre Portugal e Espanha para proteger e conservar grupos biológicos e espécies identificadas na área”, indica também o instituto. Estão previstas acções de “melhoria do status de conservação de espécies e populações de flora e fauna ameaçadas, raras e endêmicas, através da gestão e restauros adequadas dos habitats”.
Em vigor desde Abril do ano passado, o Biotrans tem como parceiros a Junta da Extremadura espanhola, o ICNF, a Universidade de Évora, a fundação CBD para a Conservação da Biodiversidade e o seu Habitat, e a Quercus.
[divider type=”thin”]Saiba mais.
Recorde como se fazem os trabalhos de marcação das águias-imperiais-ibéricas no ninho, neste artigo da Wilder.