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Mértola recebeu um novo lince-ibérico

10.02.2016

A fêmea Macela, com cerca de um ano de idade, foi libertada nesta segunda-feira no concelho de Mértola, no âmbito do projecto de recuperação da distribuição histórica do lince-ibérico. Este ano já foram libertados quatro linces em Portugal.

 

Macela foi uma das onze crias de linces-ibéricos de 2015 no Centro Nacional de Reprodução de Lince-Ibérico (CNRLI), em Silves. Foi a população do Parque Natural do Vale do Guadiana quem escolheu o seu nome, Macela, o mesmo que uma planta vivaz silvestre frequente em Portugal.

À semelhança do que acontece com todas as crias nascidas em cativeiro e destinadas à reintrodução na natureza, esta fêmea não teve contacto directo com os tratadores, apenas com outros linces, “para não haver habituação aos humanos”, explica uma nota do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF).

Macela fará parte do núcleo de linces já estabilizados na região. As equipas do projecto Iberlince no terreno acompanham nove linces libertados em 2014/2015 no Vale do Guadiana: Katmandu, Jacarandá, Kempo, Loro, Liberdade, Lluvia, Lagunilla, Luso e Lítio.

Este ano já foram libertados em Portugal quatro dos nove linces previstos pelo Iberlince. As reintroduções no Alentejo começaram a 25 de Janeiro, com a libertação de duas fêmeas – Myrtilis e Mirandilla – e de um macho, Monfrague. Agora, foi a vez de Macela.

Ao todo, serão libertados 48 linces em Portugal e Espanha até Abril. “A reintrodução é um programa de longo prazo que requer um reforço regular de soltas de animais, até a população se tornar viável e auto-sustentável”, explica o ICNF.

Este projecto de conservação ibérico tem como grande objectivo aumentar para 70 o número de fêmeas reprodutoras nos três núcleos da Serra Morena (50 em Andújar-Cardeña, 10 em Guadalmellato e 10 em Guarrizas) e para 25 em Doñana-Aljarafe. Além disso, o projecto quer criar cinco novas áreas de reintrodução em Portugal, Castela-La Mancha, Extremadura, Murcia e Andaluzia, “com capacidade suficiente para conseguir populações de lince-ibérico auto-sustentáveis”.

Para que isto aconteça, é crucial conseguir que, pelo menos, 50% dos linces libertados se fixem nos territórios.

 

[divider type=”thick”]Saiba mais.

Fique a par do que está previsto acontecer este ano e recorde os principais marcos na história da conservação da espécie.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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