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Foto: John Dickens/African Parks

Malawi começou a transferir 500 elefantes entre áreas protegidas

22.07.2016

Um total de 500 elefantes serão levados de duas áreas protegidas “sobrelotadas” para uma outra área protegida, tudo no Malawi, pequeno país no Sul de África. É uma das maiores migrações “humanamente assistidas” de elefantes de sempre e o objectivo é preservar a espécie. Os primeiros 250 animais começaram a ser transferidos este mês; os restantes seguirão viagem em 2017.

 

Esta iniciativa é coordenada pela African Parks, grupo de conservação sem fins lucrativos com sede em Joanesburgo, em colaboração com o Departamento governamental de Parques Naturais e Vida Selvagem do Malawi.

O objectivo é aliviar a pressão do Parque Nacional de Liwonde e da Reserva de Vida Selvagem de Majete e restabelecer a biodiversidade da Reserva de Vida Selvagem de Nkhotakota. Nestas três áreas vive 90% da população de elefantes do Malawi. Segundo a African Parks, este é um país densamente povoado e não existem corredores ecológicos que permitam a migração natural dos animais.

Os primeiros 250 elefantes começaram a ser transferidos a 3 de Julho de Liwonde – reserva com 548 quilómetros quadrados onde vive a maior população de elefantes do país, cerca de 800 – para Nkhotakota. Esta operação vai durar até meados de Agosto.

O segundo grupo de 250 animais serão transferidos de Majete – reserva com 700 quilómetros quadrados e onde vivem 400 elefantes – para Nkhotakota em Julho e Agosto de 2017.

Em apenas uma semana, 92 elefantes foram capturados com sucesso de Liwonde, depois de terem sido adormecidos por dardos tranquilizantes. Depois foram transportados 450 quilómetros em camiões, e libertados em Nkhotakota. Do grupo fazem parte machos, fêmeas e crias.

 

Foto: Annegré Bosman/Pluk Media
Foto: Annegré Bosman/Pluk Media

 

“Esta deslocação é uma operação muito especializada e um imenso desafio logístico”, comentou Peter Fearnhead, director da organização, em comunicado. “Mas conseguimos reunir a melhor equipa de peritos possível para o conseguir.”

Para trás ficaram nove meses de preparação, incluindo a criação de uma rede de estradas, a vedação de um perímetro em Liwonde e Nkhotakota, a criação de um santuário dentro de Nkhotakota para os elefantes que estão a ser libertados e a contratação de centenas de funcionários locais para ajudar a montar esta operação.

 

Foto: Mike Dexter
Foto: Mike Dexter

 

Os animais serão levados de duas áreas protegidas onde se assiste a uma crescente degradação do habitat, à diminuição dos recursos disponíveis, tendo em conta a quantidade de elefantes existentes, e a um número crescente de conflitos com as comunidades locais, explica a organização em comunicado.

 

Foto: Morgan Trimble
Foto: Morgan Trimble

 

Por outro lado, Nkhotakota, com 1.800 quilómetros quadrados, vivem menos de 100 elefantes. Há 20 anos, esta reserva chegou a ter mais de 1.500 elefantes mas a degradação e a caça furtiva fizeram diminuir drasticamente a sua população destes animais.

 

Foto: Mildred Roethof/Pluk Media
Foto: Mildred Roethof/Pluk Media

 

“Os elefantes são animais extremamente ameaçados. Os mais de 10 milhões que percorriam o continente há 100 anos reduzem-se a menos de 450 mil atualmente”, escreve em comunicado a African Parks, organização responsável pela gestão de 10 parques naturais de vários países africanos, desde a Zâmbia ao Chade. “Não só a perda e fragmentação dos seus habitats causadora de conflitos humanos com a vida selvagem, mas também a comercialização ilegal do marfim têm justificado a queda a pique das suas populações.”

 

Foto: Morgan Trimble
Foto: Morgan Trimble

 

“Um projeto desta escala é logisticamente desafiador e exige uma capacidade substancial. O que esta iniciativa demonstra é que a escala não tem que ser uma limitação. Aparentemente podem ser tomadas medidas extremas para aliviar parques sobrelotados, para reabastecer novos parques, e para realojar animais provenientes de áreas não protegidas para áreas protegidas”, garante African Parks à revista National Geographic.

 

Este texto foi editado por Helena Geraldes

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