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Mais de 50 actos ilegais em fiscalização ao campismo e caravanismo em área protegida

24.08.2021

A ocupação ilegal de locais próximos das praias do Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina por atividades de campismo e caravanismo ilegais “tem resultado na degradação de habitats naturais”, denuncia o Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF).

Tudo aconteceu na noite de sábado passado, dia 21 de Agosto, nos concelhos de Aljezur e Vila do Bispo, na área desta área protegida. O ICNF, com o apoio da GNR (SEPNA e UCC) e da Polícia Marítima, fizeram uma acção conjunta de fiscalização à prática de campismo e caravanismo.

Operação de fiscalização. Foto: ICNF

Desta operação resultaram 28 autos de campismo e seis de caravanismo por infração ao Plano de Ordenamento do Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina e 33 autos de caravanismo ao abrigo Código da Estrada.

A Polícia Marítima apreendeu quatro tendas.

Segundo o comunicado enviado ontem à Wilder, estavam superlotadas as praias do Barranco, Ingrina, Zavial e Boca do Rio, Odeceixe, Vale dos Homens, Amoreira, Monte Clérigo, Atalaia, Arrifana, Bordeira, Pontal da Carrapateira e Amado, os locais em que incidiu a acção. Isto apesar das “várias acções de fiscalização realizadas ao longo deste ano, com o objetivo de incentivar o cumprimento das normas legais e regulamentares aplicáveis”.

Operação de fiscalização. Foto: ICNF

“A ocupação ilegal de locais próximos das zonas balneares deste Parque Natural por atividades de campismo e caravanismo ilegais tem resultado na degradação de habitats naturais, na acumulação de lixos, entulhos e detritos diversos, além da alteração do coberto vegetal e das características naturais dos locais ocupados”, denuncia o ICNF.

“O problema tem vindo a agravar-se e a ganhar proporções preocupantes, sobretudo no passado recente, fruto da situação pandémica.”

“Em Maio, o ICNF aprovou um normativo que prevê critérios para a instalação de ASA (áreas de serviço de Autocaravanismo) em áreas do Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina, e em áreas da Rede Natura 2000. Porém, não foi recebido até à data qualquer pedido de licenciamento.”

A operação de fiscalização de 21 de Agosto envolveu três viaturas e seis vigilantes da natureza (ICNF), 16 militares e cinco viaturas (GNR), seis militares e três viaturas (UCC) e um militar da Guardia Civil espanhola, ao abrigo de um protocolo de cooperação com a GNR.

Operação de fiscalização. Foto: ICNF

O Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina tem 89.568,77 hectares (60.577,25 hectares de área terrestre e 28.991,52 hectares de zona marinha), com grande diversidade de habitats costeiros, incluindo praias, falésias, ilhotas e rochedos isolados. 

A flora terrestre é rica, com cerca de 750 espécies de plantas, mais de 100 endémicas, raras ou localizadas, sendo que 12 apenas existem ali.

Nesta área protegida são também muito importantes os charcos temporários mediterrânicos, um habitat muito rico em biodiversidade e, por isso, prioritário em termos de conservação.

“A costa sudoeste é um importante corredor de passagem para milhares de aves, especialmente na migração outonal. Nos mamíferos, destaque para a lontra (Lutra lutra) que se abriga nas arribas marítimas e barrancos adjacentes e, caso raro na Europa, utiliza o meio marinho para realizar as suas pescarias”, segundo o portal do ICNF Natural.pt.  


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Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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