Pelo menos quatro linces-ibéricos nasceram nos últimos dias em dois centros de reprodução em cativeiro, Zarza de Granadilla (Cáceres) e El Acebuche (Huelva), ambos em Espanha, anunciou o Ministério espanhol para a Transição Ecológica e Desafio Demográfico.
O primeiro nascimento da temporada na rede de centros de reprodução em cativeiro aconteceu a 26 de Fevereiro passado no centro de Zarza de Granadilla, na zona de Cáceres. A fêmea Hubara deu à luz uma cria. “O filhote está em muito boas ‘mãos’, perfeitamente cuidada pela mãe”, escreveu o ministério espanhol.
Depois, a 6 de Março, Madroña, no centro de reprodução de El Acebuche, Huelva, deu à luz três crias. Segundo o ministério espanhol, Madroña “tem sido crucial na recuperação da espécie, dado que já são 17 as crias que deu em sete temporadas reprodutoras”.
Na época reprodutora anterior nasceram oito crias de lince-ibérico no Centro Nacional de Reprodução do Lince-ibérico (CNRLI), em Silves, no âmbito do programa ibérico de conservação desta espécie Em Perigo de extinção. Daquelas, cinco sobreviveram.
Desde 2010 que Portugal participa no esforço ibérico de tentar reforçar a população mundial de lince-ibérico (Lynx pardinus) através da reprodução em cativeiro. Em 2018, o CNRLI alcançou um marco histórico: o nascimento do seu 100º lince em cativeiro.
Quando foi inaugurado a 26 de Outubro de 2009, o CNRLI – que começou a ser construído em Junho de 2008 – recebeu o seu primeiro lince, Azahar, uma fêmea com nome de flor de laranjeira; até ao final de 2009 a população do Centro era de 16 animais. No ano passado viviam no CNRLI/CTRLI 28 linces adultos/sub-adultos.
O lince-ibérico tem tido uma história atribulada. No século XIX a população mundial da espécie estava estimada em cerca de 100.000 animais, distribuídos por Portugal e Espanha; mas no início do século XXI restavam menos de 100. Então, os dois países juntaram-se para recuperar habitats e reproduzir animais. O CNRLI é uma das peças deste quebra-cabeças conservacionista que ainda hoje não está resolvido.
Desde 22 de Junho de 2015, esta espécie foi classificada como Em Perigo de extinção, depois de anos na categoria mais elevada atribuída pela União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN), Criticamente em Perigo.
Em Junho de 2024 voltou a descer de categoria, passando a Vulnerável. Esta espécie viu a sua população aumentar de 62 indivíduos adultos em 2001 para mais de 2000 em 2024.