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Tubarão-cinzento-dos-recifes (Carcharhinus amblyrhynchos). Foto: Marc Tarlock/WikiCommons

Fundação Oceano Azul leva quatro prioridades à Conferência dos Oceanos da ONU

03.06.2025

A Conferência dos Oceanos das Nações Unidas, de 9 a 13 de Junho em Nice, França, poderá ser um “ponto de viragem na conservação do oceano”, diz a Fundação Oceano Azul. Conheça as suas quatro prioridades.

A Fundação Oceano Azul, criada em 2017, vai estar em Nice para promover a conservação do oceano.

Uma das suas prioridades é acelerar a concretização da meta 30×30, com 30% do oceano protegido até 2030.

“Faltam apenas cinco anos para se chegar a 2030, o prazo acordado por mais de 180 países na Convenção de Kunming-Montreal. Por isso, a importância de acelerar esforços nunca foi tão grande e a UNOC3 pode servir de impulso através da promoção de compromissos políticos mais consistentes, mecanismos de financiamento e parcerias inclusivas essenciais para proteger a biodiversidade e a sustentabilidade do oceano. Para tal, os Estados-membros devem comprometer-se com a criação, aumento e implementação de Áreas Marinhas Protegidas baseadas na ciência e implementadas com velocidade e escala”, defende a Fundação, em comunicado.

Outra das prioridades é influenciar os países presentes na Conferência a adotar uma moratória à mineração em mar profundo algo que, salienta, é “uma ameaça significativa aos ecossistemas marinhos”. “Não devemos avançar sem o devido conhecimento científico. Os impactos ambientais podem ser irreversíveis, as tecnologias ainda são incertas e os benefícios para a humanidade permanecem questionáveis. Até ao momento, 33 Governos já pediram uma pausa, moratória ou proibição da mineração em mar profundo. Na UNOC3 é fundamental que este número aumente.”

Garantir que 60 países ratificam o Tratado do Alto-Mar é uma das principais prioridades da UNOC3, “pois as 60 ratificações são o mínimo necessário para que este tratado comece a ser implementado”. Neste momento existem apenas 29 ratificações.

A quarta prioridade é promover a adoção e implementação do Pacto Europeu para o oceano, documento que será formalmente apresentado pela Presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, durante a UNOC3.

“Este pacto deve ser a base de uma agenda de ação para o oceano renovada e reforçada. A União Europeia é uma união oceânica sem uma política para o oceano. Com a sua força coletiva, a Europa pode restaurar a saúde dos oceanos e liderar uma economia azul regenerativa. É tempo de uma Governança Oceânica Integrada, de uma Diplomacia Global para o oceano e de apostar na Ciência e em mecanismos de financiamento azuis”, entende a Fundação.

A UNOC3 promete ser o maior e mais relevante encontro sobre o oceano alguma vez realizado, com presença da vasta maioria dos Estados-membros da ONU, incluindo mais de 80 chefes de Estado e de Governo.

A Fundação Oceano Azul “está a concentrar todos os esforços para tornar estas visões uma realidade, organizando inúmeros eventos no âmbito da conferência e por toda a cidade de Nice”.

Como parceira oficial e patrocinadora da Green Zone da UNOC3 – o espaço reservado à sociedade civil – ,a Fundação Oceano Azul quer ajudar na construção de pontes entre líderes mundiais e a sociedade civil, acolhendo o Ocean Basecamp, o ponto de encontro na UNOC3 para organizações da sociedade civil de todo o mundo.

O histórico veleiro Santa Maria Manuela, atracado no porto antigo de Nice durante a conferência, receberá a bordo personalidades e vozes do oceano dispostos a traçar um novo rumo através de um programa de eventos ao longo de toda a semana.

Para iniciar a contagem para a UNOC3 e reforçar as suas prioridades, a Fundação Oceano Azul lança a campanha Road to UNOC – Time to Step Forward, para apelar a ações concretas e com impacto na proteção e valorização do oceano, juntando, para isso, oito personalidades nacionais e internacionais que partilham a sua visão sobre o que deverão ser as ambições para a UNOC3. Entre os protagonistas que deixaram a sua mensagem para a campanha, estão António Costa, presidente do Conselho Europeu; Cristina Mittermeier, fotógrafa, bióloga marinha e conservacionista; Enric Sala, explorador da National Geographic e Marco Lambertini, antigo diretor-geral da WWF.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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