A Agência Portuguesa do Ambiente alertou para os riscos para a sobrevivência da fauna piscícola do rio Tejo por causa da má qualidade da água na albufeira de Fratel, no concelho de Vila Velha do Ródão.
O alerta para o agravamento da qualidade da água do rio Tejo, no troço entre Perais e Cais do Arneiro, foi dado ontem.
Em comunicado, a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) disse que comunicou com a Dirección General del Agua, de Espanha, “no sentido de serem adotadas medidas de gestão de caudais a montante, na parte espanhola da bacia, que contribuam de forma efetiva para reduzir o risco de degradação da qualidade da água”.
A qualidade da água ao longo do rio Tejo é monitorizada diariamente, através de sondas automáticas instaladas na albufeira de Fratel, no troço principal do rio Tejo.
Os valores registados para o parâmetro oxigénio dissolvido têm vindo a decrescer para valores inferiores ao limite mínimo de qualidade (5 mg/l), potenciando riscos para a subsistência e a sobrevivência da fauna piscícola.
Além disso, as previsões de temperaturas elevadas para o distrito de Castelo Branco “poderão determinar a ocorrência de blooms algais e assim também contribuir negativamente para a degradação da qualidade da água”.
A Agência Portuguesa do Ambiente deu igualmente conhecimento desta situação à Direção Geral de Saúde e à EPAL – Empresa Portuguesa das Águas Livres.
Associação Zero quer melhoria da qualidade da água
Numa reação ao alerta da APA, a Zero – Associação Sistema Terrestre Sustentável salienta que a “situação no Tejo Internacional e até ao Fratel é recorrente”. “Invariavelmente, durante o Verão, verifica-se a ocorrência de blooms algais no troço entre a barragem de Cedillo e a barragem do Fratel, com uma camada de algas que preenche a superfície.”
Além do problema da quantidade de água, o Tejo tem ainda o problema da qualidade. “A água vinda de Espanha, com fontes de poluição significativas nomeadamente de origem agrícola, constitui um problema grave que é necessário corrigir”, salienta a associação em comunicado.
A Zero defende a fixação de caudais mínimos diários, procedentes de Espanha, e não apenas semanais, trimestrais ou anuais. Além disso chama a atenção para a importância de integrar parâmetros de qualidade da água na gestão ibérica do rio, nomeadamente “em termos de carga orgânica e especificamente para o azoto e principalmente para o fósforo”.