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Formiga-de-fogo. Foto: Jesse Rorabaugh

Espécies invasoras expandem-se 20 vezes mais depressa do que as nativas

10.07.2024

As espécies invasoras expandem-se 20 vezes mais depressa do que as nativas, revela um estudo liderado pelo Conselho espanhol Superior de Investigações Científicas (CSIC). Os investigadores concluíram que os seres humanos contribuem para essa expansão.

A falta de adaptação das áreas de distribuição da flora e fauna ao ritmo a que avançam as alterações climáticas constitui uma grande preocupação ambiental, uma vez que aumenta a probabilidade de extinção de espécies, segundo um comunicado do CSIC.

Este problema junta-se ao facto de as espécies exóticas, muitas delas invasoras, estarem a conseguir vantagens sobre as autóctones, o que evidencia que também possam ter vantagens frente às alterações climáticas, acreditam os investigadores.

Para este estudo, publicado na Annual Review of Ecology, Evolution, and Systematics, revista uma equipa de investigadores espanhóis e norte-americanos reviu estudos sobre mais de 6000 espécies nativas e exóticas de flora e fauna.

Segundo os investigadores, as espécies exóticas estão a expandir as suas áreas de distribuição muito mais rapidamente do que as espécies nativas. “Isto reflecte que os seres humanos contribuem para a expansão das espécies invasoras favorecendo introduções repetidas dentro da sua nova área de distribuição”, adianta o CSIC.

Além disso, as espécies invasoras poderão ter características que lhes permitam uma propagação mais rápida do que as nativas.

“As taxas de dispersão provocadas pelo Homem são três ordens de magnitude maiores do que as taxas de dispersão natural das espécies nativas”, comentou Montserrat Vilà, professora de investigação da Estação Biológica de Doñana (EBD-CSIC). “Na área de distribuição introduzida, as espécies não nativas podem expandir-se a uma velocidade duas ordens de magnitude maior do que as espécies nativas.”

Os investigadores demonstraram também que, com as alterações climáticas, as espécies exóticas têm áreas de distribuição potencial maiores e expansões de distribuição mais rápidas, provavelmente por causa de uma combinação de múltiplos focos de introdução e maior tolerância climática.

Por outro lado, por causa das alterações climáticas, as zonas de contracção serão maiores para as espécies nativas do que para as exóticas, o que confirmaria que as exóticas ganham mais e perdem menos espaço do que as autóctones.

“Claramente, com taxas de propagação mais rápidas e um maior potencial para persistir ou expandir-se, as populações de espécies exóticas têm uma vantagem decisiva num clima em mudança”, resume o CSIC.

Para os investigadores, isto é um “alarme ambiental, já que muitas destas espécies causam impactos ambientais e sócio-económicos nos ecossistemas que as recebem”.

Montserrat Vilà conclui que “um maior foco nos mecanismos de propagação iria ajudar-nos a identificar espécies nativas vulneráveis e espécies exóticas com alto risco de expansão com as alterações climáticas”.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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