A escultura em bronze de uma enguia-de-fita-azul (Rhinomuraena quaesita) fez do francês Umberto Umberto o grande vencedor da 9ª edição do Wildlife Artist of the Year, galardão anual entregue pela David Shepherd Wildlife Foundation para distinguir o melhor da arte naturalista. Os prémios foram entregues ontem à noite numa cerimónia nas Mall Galleries em Londres.
Umberto recebeu o prémio, no valor de 10.000 libras (cerca de 12.000 euros). O júri considerou que a sua escultura “é um maravilhoso contraste entre a leveza das formas e o peso do bronze”. Sarah Barker, um dos membros do júri, comentou em comunicado que “a sua bela textura suave cria uma evocação muito moderna e original da arte que representa a vida selvagem”.
Este escultor que vive em Cher, França, nem queria acreditar quando lhe disseram ser o grande vencedor. Umberto, um autodidata, trabalhou durante dez anos no sector da publicidade. Depois começou a trabalhar num atelier de fundição artística e iniciou-se na escultura. Entretanto foi viver para o campo e abriu um atelier, onde continua a trabalhar até hoje. As suas esculturas têm ganho vários prémios e são vendidas a colecionadores por todo o mundo.
Em segundo lugar ficou a pintura a óleo “Fading Giant”, do artista italiano Stefano Zagaglia, de Milão. Segundo a Fundação, a obra foi selecionada por representar tudo o que a instituição está a tentar proteger. “Sem palavras, a obra diz ‘algo grandioso está a desintegrar-se perante os nossos olhos’ e o espaço em branco será a única coisa que restará”, comentou o membro do júri Hazel Soan.
Warren Cary, de Hoedspruit (África do Sul), venceu a categoria Animal Behaviour com a obra “Game Face On”.
Alan Woollett, de Kent (Reino Unido), ficou em primeiro lugar na categoria Earth’s Beautiful Creatures, com “Maribou Portrait”.
A categoria Hidden World teve como vencedor Dido Crosby, de Londres (Reino Unido), com “Boomslang”.
Nick Oneill, de Brighton (Reino Unido), venceu a categoria que homenageia o mundo aquático – sejam oceanos, praias, zonas húmidas ou rios – Into the Blue com a obra “Heart of the Sea”.
A categoria Urban Wildlife reconheceu o trabalho “Wire Fox, Unnatural Selection”, de Candice Bees, de Newport, País de Gales.
Para mostrar o mundo que está a desaparecer, na categoria Vanishing Fast, o júri escolheu “Siberian Crane”, de Naeenah Naeemaei, de Teerão (Irão).
“Sleep Tight”, da artista alemã Tamara Pokorny, venceu na categoria Wings, Feathered or Otherwise, que pretende mostrar a extraordinária variedade do mundo natural alado, desde aves a insectos.
Na categoria David Shepherd Choice, o grande vencedor foi o francês Laurence Saunois, com “The Sentinel”.
O director da revista “The Artist Magazine” selecionou “Crossroads”, do sueco Gunnar Tryggmo, como vencedor na categoria The Artist Magazine Award.
As obras vencedoras estão expostas nas Mall Galleries em Londres de 28 de Junho a 2 de Julho. No final da exposição, os visitantes vão escolher o vencedor da categoria People’s Choice. Cada um dos vencedores das categorias ganha um prémio de 500 libras (cerca de 600 euros).
Os prémios Wildlife Artist of the Year foram lançados em 2007 para sensibilizar a sociedade e angariar financiamento para proteger a vida selvagem ameaçada. Tudo através dos melhores artistas que representam a biodiversidade, desde pinturas a óleo e aguarela a fotografias e esculturas a bronze e cerâmica.
Este ano, o júri nomeou 136 obras para o grande prémio.
“Criei a minha Fundação com o único propósito de devolver algo aos animais que me ajudaram a ter sucesso como artista”, comentou David Shepherd, artista de vida selvagem e conservacionista de 85 anos. “Numa altura em que a vida selvagem do mundo está tão ameaçada pelo aumento da população humana e pelo tráfico de espécies, parece-me que devemos dar um passo atrás e reflectir sobre a simples beleza e diversidade do nosso mundo natural e o que se poderia perder se não apreciássemos o valor do mundo à nossa volta.”
Todas as obras em exposição estão para venda. As receitas vão para os projectos apoiados pela Fundação em vários pontos de África e Ásia. Desde 2007, este prémio já angariou mais de 320.000 libras (cerca de 386.000 euros) para a conservação da natureza.