O género Berberomeloe, cujas espécies são conhecidas como arrebenta-bois, é afinal mais diverso do que se pensava. Investigadores espanhóis descobriram seis novas espécies na Península Ibérica e Marrocos.
Investigadores do Museu Nacional de Ciências Naturais de Madrid (MNCN-CSIC) e do Instituto de Estudos Ceutíes analisaram a diversidade morfológica e molecular das espécies do género Berberomeloe. Estes animais têm sido usados na medicina rural ibérica por causa da cantaridina, uma substância produzida por eles e que tem interesse farmacológico.
Graças a este estudo, publicado na revista Zoological Journal of the Linnean Society, descobriu-se uma diversidade taxonómica inesperada. Este grupo é mais diverso do que se pensava, tendo sido descobertas seis novas espécies: Berberomeloe castuo, Berberomeloe comunero, Berberomeloe indalo, Berberomeloe yebli, Berberomeloe payoyo e Berberomeloe tenebrosus (animais de um negro profundo, encontrados nos cumes da Sierra Nevada e Filabres), segundo um comunicado enviado ontem à Wilder pelo MNCN-CSIC.
Em Portugal apenas uma destas novas espécies ocorre, a Berberomeloe castuo. Os exemplares desta espécie eram anteriormente identificados como Berberomeloe majalis.
“Conhecer a taxonomia das espécies é importante não apenas para a correcta identificação dos exemplares mas também para compreender melhor como funcionam os processos evolutivos que as originaram e para poder aplicar correctamente medidas de conservação. Neste sentido, os avanços deste trabalho são cruciais, dada a degradação e alteração de muitos dos habitats destes animais devido às actividades humanas como a expansão urbana e a criação de gado intensivo”, alertou Jose Luis Ruiz do Instituto de Estudos Ceutíes.
“As espécies do género Berberomeloe não têm asas, parasitam abelhas solitárias durante o seu estado larvar e são especialmente reconhecíveis pelo seu abdómen grande e volumoso, incluindo dentro do grupo as maiores espécies de escaravelhos do Mediterrâneo. Além disso apresentam uma grande diversidade entre espécies relativamente a distintos traços morfológicos”, explicou Mario García-Paris, investigador do MNCN, em comunicado.
“Neste trabalho analisámos a variabilidade morfológica e molecular deste grupo tão diverso, incluindo amostras de quase toda a sua área de distribuição, na Península Ibérica e em Marrocos”, salienta Ernesto Recuero, também investigador do MNCN.
Integrando dados quantitativos da variação morfológica de algumas características, como a largura do abdómen ou da cabeça e a análise de amostras de ADN de 191 indivíduos, os investigadores obtiveram uma árvore evolutiva que clarificou a classificação do grupo. “A combinação da análise morfológica com dados moleculares permitiu-nos compreender melhor como se produziu a especiação dentro do género e descrever seis novas espécies das quais cinco estariam dentro do grupo de B. majalis, um dos maiores coleópteros da Europa”, destaca Alberto Sánchez-Vialas, investigador do MNCN.