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Conheça o Top 10 das novas espécies para 2015

21.05.2015

Uma aranha, um dinossauro e um peixe fazem parte do Top 10 das novas espécies para 2015, uma lista feita pelo SUNY College of Environmental Science and Forestry (ESF), foi revelado nesta quinta-feira.

Dois animais – uma rã que dá à luz girinos e uma vespa que usa formigas mortas para proteger o seu ninho – são fora do normal por causa das suas estratégias parentais. Também fazem parte da lista um animal que pode ser tão diferente dos demais, que poderá ser um novo filo, e um coral classificado como ameaçado no momento da sua descoberta.

A lista, existente desde 2008, é compilada todos os anos pelo Instituto Internacional para a Exploração das Espécies, do ESF. O comité internacional de taxonomistas desse instituto seleciona dez entre todas as espécies que foram descobertas para a Ciência no ano anterior, que em 2014 foram cerca de 18.000.

Os cientistas acreditam que estejam ainda por descobrir 10 milhões de espécies, cinco vezes mais do que o número das espécies que se conhecem actualmente. “Entre esses 10 milhões de espécies estão pistas únicas para as nossas próprias origens, uma impressão digital de como a biosfera se organizou e pistas sobre como poderemos satisfazer as necessidades humanas enquanto conservamos a vida selvagem”, disse Quentin Wheeler, presidente do ESF.

“É altura de montarmos uma missão para distinguir, descrever e classificar as formas de vida do planeta antes que seja tarde demais. O Top 10 serve para não nos esquecermos das maravilhas que nos esperam”, disse ainda.

 

Top 10 de 2015:

 

Dinossauro com penas (Anzu wyliei):

Com uma mistura de características de aves e dinossauros, o Anzu wyliei, que viveu na América do Norte, teria pesado entre 200 e 300 quilos e media 3,5 metros de altura; fazia ninhos e sentava-se em cima dos ovos para os incubar. Também se aproximava das aves por ter ossos ocos, penas e um bico que faz lembrar o de um papagaio. Partes de três esqueletos foram encontradas nos estados de Dacota do Norte e Dacota do Sul, na formação Hell Creek.

Planta coral (Balanophora coralliformis):

Esta planta foi considerada ameaçada pouco depois de ter sido descoberta nas Filipinas. Tem tubérculos alongados, com algumas ramificações, e textura áspera. Esses tubérculos dão à planta uma aparência de coral, diferente dos tubérculos das espécies relacionadas. Até ao momento só se conhecem 50 plantas desta espécie, todas encontradas entre os 1.465 e os 1.735 metros de altitude na montanha Mingan, em florestas cobertas de musgo.

Aranha que dança (Cebrennus rechenbergi):

Esta aranha do deserto de Marrocos dá cambalhotas e rodopia para escapar de situações de perigo. A aranha tanto pode fazer este truque num terreno plano, como pode a subir e descer colunas.

X-Phyla (Dendrogramma enigmatica):

A Dendrogramma enigmatica e uma outra espécie nova, D. Discoids, são animais multicelulares que fazem lembrar cogumelos. Estarão relacionados ao filo Cnidaria (das medusas, corais e anémonas do mar) mas até podem ser um filo inteiramente novo. Este animal, com uma haste de menos de um terço de uma polegada (8 mm), foi encontrado no fundo do mar a 1000 metros de profundidade, ao largo da Austrália.

Vespa (Deuteragenia ossarium):

Esta vespa, que pode medir até 15 milímetros, tem uma estratégia única para proteger a prole: enche a entrada do seu ninho, em cavidades ocas nas árvores e no solo, com corpos de formigas. Este comportamento ainda não tinha sido observado na natureza. A espécie foi encontrada na Reserva Natural Nacional de Gutianshan, no Leste da China.

Rã (Limnonectes larvaepartus):

Ao contrário do que acontece com outras rãs, esta espécie encontrada na ilha de Sulawesi, na Indonésia, dá à luz girinos. Numa ocasião, uma fêmea deu à luz um girino na mão de um cientista, no momento em que foi capturada.

Bicho-pau (Phryganistria tamdaoensis):

Este insecto tem 23 centímetros de comprimento e pertence a uma família de bichos-pau gigantes. A espécie é comum na cidade de Tam Dao, no Vietname, mas até agora tinha passado desapercebida para os cientistas.

Fotografia: Jonathan Brecko
Fotografia: Jonathan Brecko

 

Lesma do mar (Phyllodesmium acanthorhinum):

A espécie, encontrada no Japão, é de tons azuis, vermelhos e dourados; tem mais ou menos 28 milímetros de comprimento e pode ser um elo de ligação perdido entre as lesmas do mar que se alimentam de hidróides e as que se alimentam de corais.

Bromélia (Tillandsia religiosa):

Esta planta, usada durante as celebrações do Natal no México para embelezar altares, afinal era nova para a Ciência. Esta bromélia tem picos cor-de-rosa e folhas verdes planas e floresce entre Dezembro e Março. Pode chegar aos 1,5 metros de altura e vive nas falésias entre os 1800 e os 2000 metros de altitude.

Peixe (Torquigener albomaculosus):

Os cientistas resolveram um mistério do fundo do mar e descobriram uma nova espécie. Círculos com desenhos geométricos com até dois metros de diâmetro foram encontrados no fundo do mar ao largo da costa da ilha japonesa de Amami-Oshima. Afinal, são feitos por este peixe. Os machos fazem estes círculos como ninhos de desova ao nadar e contorcem-se na areia do fundo do mar. Os ninhos são feitos para atrair as fêmeas. O design dos ninhos, com ranhuras e cristas, serve para proteger os ovos das correntes oceânicas e possivelmente de predadores.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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