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Coimbra recebe conferência sobre impactos climáticos nas espécies da Antártida

19.06.2019

Entre 24 e 27 de Junho, 27 cientistas polares de 12 países vão debater os maiores problemas colocados pelo clima a espécies como pinguins, baleias ou até algas.

A conferência, que decorrerá no Museu da Ciência da Universidade de Coimbra, vai analisar “o progresso científico na região Antártica em relação às alterações climáticas nos últimos 10 anos na vida dos animais que lá vivem”, segundo um comunicado daquela instituição enviado hoje à Wilder.

A resposta dos animais às alterações climáticas, as mudanças no oceano Antártico no que respeita à vida dos animais marinhos, a adaptação e resiliência de espécies às alterações climáticas e o impacto da poluição na Antártida são os maiores problemas que preocupam os cientistas que estudam a Antártida.

Tudo isso estará em cima da mesa na conferência de Coimbra, realizada no âmbito do programa internacional SCAR AnT-ERA (Antarctic Thresholds – Ecosystems resilience and adaptation).

A conferência “reúne alguns dos melhores cientistas do mundo”, salientou José Xavier, do Departamento de Ciências da Vida da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, investigador do Centro de Ciências do Mar e do Ambiente (MARE) e um dos coordenadores (e único cientista português) do SCAR AnT-ERA.

Este encontro tem “o objetivo claro de se tentar perceber quais as espécies que irão sobreviver e quais as que se poderão extinguir numa região que mais tem sido afetada pelas alterações climáticas, com lições para o resto do planeta”, acrescentou.

Actualmente existem áreas na Península Antárctida que estão a aquecer mais rapidamente do que qualquer outro local do planeta, à excepção do Ártico, segundo o Comité Científico para a Investigação Antártica (Scientific Committee on Antarctic Research – SCAR).

Enquanto isso, em outras áreas da Antártida as temperaturas permanecem relativamente inalteradas, em parte devido ao buraco de ozono.

As espécies que vivem nestes dois tipos de áreas “dão-nos uma oportunidade para comparar a resiliência biológica em todos os ambientes da Antártida: terrestre, água doce e marinho (pelágico e bêntico)”, explica ainda este Comité.

Do encontro de Coimbra resultará um documento do Comité SCAR, “por forma a ajudar todas as partes interessadas: decisores políticos, o Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC), mas também cientistas, as gerações mais jovens e o público em geral”.

“Estamos desejosos de reunir os mais recentes resultados sobre alterações em ecossistemas antárticos, desde pequenas algas aos carismáticos pinguins e baleias”, disse Julian Gutt, do Alfred Wegener Institute (Alemanha) e coordenador-chefe do programa internacional SCAR AnT-ERA.

Já Enrique Isla, do Institut de Ciéncies del Mar (Espanha), também coordenador do programa, considera que “esta iniciativa irá fornecer importantes informações para ações futuras na investigação e na criação de decisões políticas eficientes em direção a uma sociedade global sustentável”.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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