A possível construção de três barragens no rio Tâmega e o desinvestimento na conservação da natureza, sentido nos últimos anos, são algumas das questões que vão centrar a atenção dos ambientalistas portugueses no próximo ano, de acordo com a Quercus e com a Zero – Associação Sistema Terrestre Sustentável.
1. Construção de barragens no rio Tâmega: “Caso se confirme a construção das barragens do Alto-Tâmega pela Iberdrola, os habitats desta região serão seriamente ameaçados, dado que grande parte do investimento será feito numa zona de elevado valor ecológico”, avisa a Quercus, numa nota relativa às expectativas para 2017, pedindo que o Governo “reavalie de melhor forma a necessidade de construção” destes equipamentos.
Entre os impactes ambientais “muito significativos” assinalados pela associação, encontram-se a “criação de barreiras incontornáveis para espécies migradoras” e a “degradação dos habitats de algumas das últimas alcateias do lobo”.
Foi em Abril que a construção de três barragens no rio Tâmega – Daivões, Gouvães e Alto Tâmega – recebeu “luz verde” do Governo, no âmbito da reavaliação do Plano Nacional de Barragens. Já em Maio, a Iberdrola anunciou que iria arrancar com a construção da barragem de Daivões.
2. Investimento na conservação da natureza: A Quercus pede também “mais e melhor investimento para a conservação da natureza”, referindo que “face a um desinvestimento claro” neste domínio durante os últimos anos, “é tempo de assumir os problemas de cariz ambiental e a conservação da natureza como prioritários.
Neste âmbito, a associação destaca que um aumento do investimento em educação e sensibilização ambiental nas Áreas Protegidas “seria um passo essencial para a moldagem de comportamentos e atitudes”, sensibilizando as pessoas “para a importância da Conservação da Natureza”.
3. Central nuclear de Almaraz: Já a a associação Zero aponta como “incompreensível” a “passividade” do Governo em relação à central nuclear de Almaraz, situada em Cáceres, a apenas 100 quilómetros da fronteira com Portugal. Isto quando em 2016 surgiram “evidências da insegurança” neste equipamento e perante “a intenção declarada de se prolongar por mais 10 anos ainda (até 2030) uma central já obsoleta e perigosa.”
“Deseja-se que em 2017 o Governo Português assuma uma posição clara e firme sobre Almaraz, defendendo o interesse público”, sublinha esta associação ambientalista.
4. Largadas de balões: Os ambientalistas da Quercus lembram que em 2017, o Ministério do Ambiente deverá legislar e proibir a largada de balões, “atendendo aos impactes ambientais, muitos deles irreversíveis, associados a este tipo de eventos”.
Estão em questão os balões feitos de plástico e outros que têm associada uma lâmpada LED que, depois de serem libertados, deslocam-se para diferentes ambientes, no mar ou em terra, onde “ficarão depositados como um resíduo contaminante”.
5. Utilização de fitofármacos nos espaços públicos: O Governo anunciou que iria avançar com legislação para proibir o uso de fitofármacos nos espaços públicos, recorda a associação Zero. “É uma medida muito bem-vinda mas que já peca por tardia, porque a aplicação de herbicidas na via pública é efetuada hoje de forma recorrente e descontrolada quando existem soluções não químicas alternativas para remoção de herbáceas”, sublinha.
Os ambientalistas consideram que se deve apostar também no rastreio das substâncias químicas que formam a base de insecticidas, herbicidas e outros produtos semelhantes nos alimentos, nos recursos hídricos e nos seres humanos, já que se estima que entram no ambiente todos os anos 7.200 toneladas para a “proteção das plantas”.