A Rewilding Portugal vai introduzir os primeiros tauros no país até ao final deste mês, anunciou a organização que gere várias áreas de rewilding.
A organização portuguesa prevê libertar uma manada destes animais em regime semi-selvagem no concelho de Pinhel, distrito da Guarda, mais concretamente num local conhecido como o Ermo das Águias, em Vale da Madeira, anunciou esta quinta-feira num comunicado enviado à Wilder.
Nesta área junto ao rio Côa, gerida pela Rewilding Portugal, os tauros irão conviver com os cavalos Sorraia que já ali estão presentes em estado semi-selvagem, e que têm como função replicar o papel ecológico dos cavalos selvagens. Quanto aos bovinos, o objectivo desta introdução é que se comportem como teriam feito os auroques originais, considerados os antepassados de todos os bovinos que existem hoje.
Terá sido no século XVII que se deu a extinção dos auroques, caçados até desaparecerem da face da Terra, mas muito conhecidos por serem retratados em várias gravuras rupestres “dada a sua importância nas paisagens do passado, nomeadamente em território agora português”, nota a mesma entidade. Mas embora o auroque esteja hoje extinto, “partes do seu ADN ainda estão vivas em várias espécies de raças antigas e rústicas de bovinos, algumas delas aliás portuguesas, como é o caso da raça Maronesa”.
Entretanto, há algumas décadas, um projecto realizado na Holanda – o programa Tauros – começou a cruzar várias raças rústicas de bovinos que continham ADN relacionado com os auroques para recuperar a espécie, descreve a Rewilding Portugal. O ressurgimento dos antepassados dos bovinos aconteceu assim “não de forma total, mas através do surgimento deste tauros, a espécie mais próxima do auroque original alguma vez vista”.
“Esta recuperação acontece porque, em grande escala, o tauros tem um papel fundamental na manutenção de paisagens de mosaico, sendo um parceiro único no seu papel de herbivoria natural que desempenha na paisagem e por isso um enorme aliado na proteção da biodiversidade, incluindo na prevenção de incêndios pelo papel que assume na gestão e controlo da biomassa presente na paisagem”, sublinha a mesma organização, parceira da Rewilding Europe. E acrescenta que introduções semelhantes já têm acontecido “com sucesso” noutros locais da Europa, incluindo no norte de Espanha, na Serra de Albarracín.