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Exemplar de tauro. Foto: Rewilding Portugal

Tauros: Animais próximos dos auroques pré-históricos chegam ao Grande Vale do Côa

13.04.2023

A Rewilding Portugal vai introduzir os primeiros tauros no país até ao final deste mês, anunciou a organização que gere várias áreas de rewilding.

A organização portuguesa prevê libertar uma manada destes animais em regime semi-selvagem no concelho de Pinhel, distrito da Guarda, mais concretamente num local conhecido como o Ermo das Águias, em Vale da Madeira, anunciou esta quinta-feira num comunicado enviado à Wilder.

Nesta área junto ao rio Côa, gerida pela Rewilding Portugal, os tauros irão conviver com os cavalos Sorraia que já ali estão presentes em estado semi-selvagem, e que têm como função replicar o papel ecológico dos cavalos selvagens. Quanto aos bovinos, o objectivo desta introdução é que se comportem como teriam feito os auroques originais, considerados os antepassados de todos os bovinos que existem hoje.

Terá sido no século XVII que se deu a extinção dos auroques, caçados até desaparecerem da face da Terra, mas muito conhecidos por serem retratados em várias gravuras rupestres “dada a sua importância nas paisagens do passado, nomeadamente em território agora português”, nota a mesma entidade. Mas embora o auroque esteja hoje extinto, “partes do seu ADN ainda estão vivas em várias espécies de raças antigas e rústicas de bovinos, algumas delas aliás portuguesas, como é o caso da raça Maronesa”. 

Entretanto, há algumas décadas, um projecto realizado na Holanda – o programa Tauros – começou a cruzar várias raças rústicas de bovinos que continham ADN relacionado com os auroques para recuperar a espécie, descreve a Rewilding Portugal. O ressurgimento dos antepassados dos bovinos aconteceu assim “não de forma total, mas através do surgimento deste tauros, a espécie mais próxima do auroque original alguma vez vista”.

“Esta recuperação acontece porque, em grande escala, o tauros tem um papel fundamental na manutenção de paisagens de mosaico, sendo um parceiro único no seu papel de herbivoria natural que desempenha na paisagem e por isso um enorme aliado na proteção da biodiversidade, incluindo na prevenção de incêndios pelo papel que assume na gestão e controlo da biomassa presente na paisagem”, sublinha a mesma organização, parceira da Rewilding Europe. E acrescenta que introduções semelhantes já têm acontecido “com sucesso” noutros locais da Europa, incluindo no norte de Espanha, na Serra de Albarracín.

Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.

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