Depois de terem sido vistos pela última vez em 2004, estes insectos vão finalmente subir para a superfície em 15 estados do país, da Georgia a Nova Iorque.
Conhecidas como as cigarras da Geração X, é agora em meados de Maio que muitos milhões destes insectos vão emergir de debaixo da terra, onde se esconderam em 2004 e viveram como ninfas ao longo dos últimos 17 anos.
Nos Estados Unidos existem sete espécies de cigarras periódicas, todas do género Magicicada, que vivem debaixo da terra, sob a forma de ninfas, durante longos anos. Quatro destas espécies permanecem escondidas desta forma durante 13 anos, ao fim dos quais sobem finalmente para a superfície; outras três – Magicicada septendecim, Magicicada cassini e Magicicada septendecula – emergem apenas de 17 em 17 anos.
Existem 15 gerações de cigarras periódicas, no total, agrupadas de acordo com o ano em que emergem. Mas a Geração X – que se refere às que emergem em 2021 e junta as três espécies com ciclos de 17 anos – é uma geração “icónica”. “Tem a maior área de distribuição e os números mais impressionantes “, explica o site Science Focus, que acrescenta que existem registos desta geração desde o início do século XVIII.
Estas cigarras costumam emergir, ainda como ninfas, quando as temperaturas do solo estão quase a chegar aos 18 ºC, em meados deste mês. Tal como muitos outros insectos do grupo das Cicadas – incluindo aqueles que se conhecem em Portugal – mal chegam à superfície costumam trepar por uma árvore, arbusto ou planta acima, para ficarem numa posição mais elevada. De seguida largam a exúvia, como é chamado o seu exoesqueleto, e assumem a forma do estado adulto.
Passados alguns dias já estão prontas para acasalar. É nessa altura que os machos de cigarras começam a “cantar” para atrair as fêmeas, com a ajuda de uns órgãos especiais chamados tímbalos. [Oiça aqui o canto ritmado da Magicicada septendecim, também conhecida por cigarra-faraó, a maior das três espécies de cigarras que emergem de 17 em 17 anos nos Estados Unidos.]
Quanto às fêmeas, não cantam, mas são elas que escolhem o macho. Tal como este, podem acasalar por diversas vezes ao longo da época de reprodução. Quando estão prontas para pôr os ovos, que no total podem chegar a várias centenas, usam o ovopositor para fazer uma pequena ranhura na casca da árvore ou no ramo da planta onde estão. Passadas algumas semanas, terminada a época de reprodução e cumprida a sua missão, os adultos morrem.
Quanto às pequenas ninfas, quando nascerem, vão deixar-se cair na terra e escavar um túnel para debaixo da superfície, onde se irão alimentar da seiva das plantas sugando-a através das raízes, durante os próximos 17 anos. A próxima leva da Geração X é esperada assim para 2038.
Como é em Portugal?
Em Portugal não são conhecidas espécies de cigarras periódicas como estas, mas o ciclo de vida acaba por ser semelhante. Os cientistas acreditam que as cigarras que ocorrem em território nacional passam cerca de três anos a viverem enterradas no solo, como ninfas.
São conhecidas 13 espécies de cigarras em território português, entre as quais Cicada orni e Cicada barbara lusitanica, e todas elas podem ser distinguidas através do canto.
O risco de extinção de todas estas espécies está actualmente a ser avaliado no âmbito dos trabalhos da Lista Vermelha de Invertebrados, por um grupo de especialistas ligados ao projecto Cigarras de Portugal.
Saiba mais.
Fique a conhecer este jovem naturalista que colecciona exúvias de cigarras e saiba como é possível identificar algumas espécies sem ser apenas pelo seu canto.