A proposta para proteger uma enorme área do oceano Antárctico, um dos ecossistemas mais importantes da Terra, foi bloqueada numa reunião que terminou hoje na Tasmânia (Austrália).
Em causa estava a criação de uma reserva natural com 1,8 milhões de quilómetros quadrados, uma área correspondente a cinco vezes a superfície da Alemanha. Esta área, que iria abranger uma vasta área do Mar de Weddell e partes da Península da Antárctida, estaria vedada a qualquer tipo de pesca.
Segundo o jornal The Guardian, 22 países membros da Comissão para a Conservação dos Recursos Marinhos Vivos da Antárctida votaram a favor da proposta, submetida pela União Europeia e liderada pelo Governo alemão, no 37º encontro da Comissão (de 22 de Outubro a 2 de Novembro). Mas a Rússia, China e Noruega votaram contra, bloqueando assim a criação da reserva natural.
“Esta era uma oportunidade para criar a maior área protegida do planeta, na Antárctida: para salvar a vida selvagem, combater as alterações climáticas e melhorar a saúde dos nossos oceanos”, comentou, em comunicado, Frida Bengtsson, da organização internacional Greenpeace.
“Estamos a ficar sem tempo e os cientistas são claros quando defendem que precisamos criar santuários marinhos em, pelo menos, 30% dos nossos oceanos até 2030, se quisermos proteger a vida selvagem, garantir a segurança alimentar para milhões de pessoas e ajudar a combater as alterações climáticas”, acrescentou Bengtsson.
A proposta para criar esta área protegida reuniu o apoio de dois milhões de cidadãos por todo o mundo, no âmbito da campanha que a Greenpeace lançou no final de Outubro de 2017, “Protect the Antarctic”. A cara da campanha foi o actor espanhol Javier Bardem que, em Janeiro deste ano, fez parte de uma expedição para mostrar a importância e vulnerabilidade da região. E em Julho, as maiores companhias que pescam krill na região anunciaram que estavam prontas para ajudar.