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Foto: Joana Bourgard

Andaluzia lança campanha contra uso de venenos na natureza

29.06.2017

“O veneno não tem olhos” é o nome da campanha lançada ontem pela Junta da Andaluzia contra os perigos dos venenos para a fauna, flora e para o ambiente em geral.

 

Com esta campanha, a Junta da Andaluzia pretende chamar a atenção para o uso indiscriminado de venenos, “que não tem olhos, já que mata muito mais do que aquilo que vemos, incluindo espécies às quais não foi dirigido porque não é selectivo”, explicou, em comunicado, o delegado do Ambiente e Ordenamento do Território, Francisco de Paula Algar.

Entre as iniciativas previstas está a criação das primeiras Brigadas de Investigação ao Envenenamento que vão fazer inspecções caninas, em coordenação com o SEPRONA (Serviço de Protecção da Natureza da Guardia Civil espanhola), e investigação policial, fazendo a recolha de amostras biológicas e de indícios de delito, por exemplo.

Em Espanha, entre 1992 e 2013 registaram-se mais de 8.000 casos de envenenamento, dos quais resultaram 18.503 animais mortos, segundo um relatório publicado no ano passado pela organização WWF – Espanha e pela Sociedade Espanhola de Ornitologia (SEO/Birdlife).

“Estes dados são apenas a ponta do iceberg”, disse Francisco de Paula Algar. “O uso ilegal de veneno constitui uma ameaça muito grave para a biodiversidade espanhola e, por extensão, para a europeia, já que o nosso país alberga entre 80 e 90% das populações europeias de espécies como o abutre-preto, o grifo e o abutre-do-egipto e é um refúgio fundamental para a sobrevivência no continente de outras espécies, como o quebra-ossos e o milhafre-real.”

Ainda este mês, três homens foram detidos na Extremadura espanhola por envenenamento de três águias-imperiais e dois milhafres-reais.

Mas os venenos afectam ainda outras espécies que não as aves, desde o urso-pardo, ao lobo-ibérico e ao lince-ibérico, acrescentou.

Em Portugal, dados do Programa Antídoto revelaram em 2015 que 145 indivíduos de espécies protegidas morreram envenenados de 2003 a 2014. Ao todo foram registados 1.534 animais mortos em 475 casos. Um desses casos foi a lince Kayakweru, encontrada morta por envenenamento a 12 de Março, duas semanas depois de ter sido libertada no Vale do Guadiana.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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