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Quebra-ossos. Foto: Richard Bartz/Wiki Commons

Andaluzia confirma primeira cria de quebra-ossos nascida na natureza em 2018

20.03.2018

A Junta da Andaluzia confirmou nesta segunda-feira o nascimento da primeira cria de quebra-ossos na natureza em 2018 naquela região espanhola. Os pais fazem parte de um programa de reintrodução desta espécie.

 

A cria do macho Hortelano, com oito anos, e da fêmea Marchena, com seis anos, nasceu a 9 de Março no Parque Natural de las Sierras de Cazorla, Segura y Las Villas (Jaén). Estes são dois quebra-ossos que foram libertados na natureza no âmbito do Programa de Reintrodução da espécie na Andaluzia.

 

Quebra-ossos. Foto: Francesco Veronesi/Wiki Commons

 

Esta é a segunda cria do casal e a quarta que nasce em liberdade desde o início do programa, iniciado há mais de 30 anos, e desde as reintroduções na natureza, há 12 anos. Em Abril de 2015, as autoridades confirmaram o nascimento da primeira cria em liberdade na Andaluzia.

Este é um “processo longo, dada a própria ecologia da espécie que só alcança a maturidade sexual a partir dos seis anos de idade”, explica a Junta da Andaluzia em comunicado.

As reintroduções de quebra-ossos (Gypaetus barbatus) na natureza começaram em 2006. Até hoje já foram libertadas 49 aves em dois parques naturais andaluzes (Sierras de Cazorla, Segura y Las Villas e Sierra de Castril). Todos os quebra-ossos são reintroduzidos na natureza com transmissores GPS de satélite. É graças a estes mecanismos que se pode confirmar que 30 aves continuam vivas e que 14 morreram. Os transmissores de cinco aves deixaram de funcionar.

 

Cria de quebra-ossos. Foto: Junta da Andaluzia

 

Uma das 30 aves, a fêmea Bujaraiza, esteve em Portugal em Maio de 2015. Mas depressa regressou à Andaluzia. Na verdade, a maioria das aves que estão a ser seguidas optam por permanecer naquela província.

O quebra-ossos é o abutre mais ameaçado da Europa. Houve tempos em que era comum em Portugal, mas acabou por desaparecer. Assim como na Andaluzia, devido a envenenamentos e perseguição humana.

Em toda a Europa existem hoje pouco mais de 200 casais, 130 dos quais em Espanha. Desde 1996 está a decorrer na Andaluzia um projecto para estabelecer uma população autónoma e estável na região, cuja peça central é o Centro de Reprodução de Cazorla, gerido pela Fundación Gypaetus. Este centro faz parte de um projecto europeu para recuperar a espécie. É deste e de outros centros de reprodução em cativeiro que saem todos os quebra-ossos reintroduzidos na natureza.

A anterior temporada de reprodução em cativeiro (2016/2017) desta espécie terminou com sete crias saudáveis no centro de Cazorla.

Na Europa, em 2017 foram reintroduzidas na natureza 18 crias de quebra-ossos no âmbito de quatro projectos de conservação da espécie: seis na Andaluzia, duas na Córsega, quatro em Grands Causses/Massif Central e seis nos Alpes/Pré-Alpes.

 

[divider type=”thick”]Saiba mais sobre o quebra-ossos:

Tamanho: 100-115 centímetros

Peso: 4,5-7,1 kg

Envergadura da asa: 250-285 cm

Esperança média de vida: até 40 anos em cativeiro

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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