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América Latina lança roteiro para salvar o jaguar

20.11.2018

É considerado um compromisso sem precedentes para salvar o jaguar. Organizações internacionais juntaram-se e apresentaram hoje o Roteiro para a Conservação do Jaguar nas Américas 2030 na COP da Convenção sobre Diversidade Biológica em Sharm El-Sheik, Egipto.

 

No centro do plano, apresentado hoje na 14ª Conferência das Partes (COP), está o reforço do Corredor do Jaguar, que liga o México à Argentina, garantindo a conservação de 30 paisagens importantes para a espécie até 2030.

Nessas regiões, organizações internacionais vão colaborar para promover iniciativas de sensibilização, incluindo as que minimizem conflitos entre jaguares e humanos, para ligar e proteger os habitats dos jaguares e promover o ecoturismo, por exemplo.

O jaguar (Panthera onca) é o maior felino das Américas e o seu futuro é incerto. O território do jaguar estende-se por 18 países da América Latina. Contudo, 50% da distribuição original da espécie perdeu-se e as populações de jaguar estão em declínio, por causa da caça ilegal, conflitos com humanos e perda e fragmentação do habitat.

 

 

“Hoje presenciámos um extraordinário esforço dos países da América Latina que vão trabalhar em conjunto para proteger os jaguares”, disse Carlos Manuel Rodríguez, ministro do Ambiente e da Energia da Costa Rica, num comunicado citado pela organização WWF (World Wildlife Fund).

Na COP 14, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (UNDP), a WWF, a Wildlife Conservation Society (WCS), a Panthera e representantes de vários Governos anunciaram ainda a criação do primeiro Dia Internacional do Jaguar, a celebrar anualmente a 29 de Novembro. O objectivo é chamar a atenção para as ameaças que a espécie enfrenta, sobre o seu papel enquanto bioindicador de um ecossistema saudável e sobre os esforços de conservação.

“Hoje é um dia marcante para o futuro do jaguar”, considerou Howard Quigley, director-executiva da organização Panthera. “O Roteiro 2030 dá nova vida à conservação do jaguar, trazendo uma visão e soluções reais para o mundo proteger esta espécie icónica e essencial ecologicamente”, acrescentou. Para isso serão criadas “excelentes oportunidades económicas e um futuro sustentável para todos”.

Um dos países que faz parte deste compromisso é o Brasil. “Estamos totalmente comprometidos com a protecção do jaguar no nosso país”, disse Edson Duarte, ministro brasileiro do Ambiente. “Para aumentar a sensibilização pública e promover acções integradas criámos um Dia Nacional do Jaguar”, exemplificou.

Outro dos países é o México. “O jaguar é um ícone da América Latina e um símbolo da nossa herança indígena”, disse María José Villanueva, directora de conservação da WWF no México. “Não podemos continuar a promover um desenvolvimento às custas da biodiversidade. Precisamos encontrar um equilíbrio onde as pessoas e a natureza possam prosperar.”

No âmbito da COP14, líderes mundiais estão reunidos em Sharm El-Sheik de 17 a 29 de Novembro para discutir o futuro da biodiversidade e da conservação depois de 2020.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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