Águia-calçada (Hieraaetus pennatus). Foto: Imran Shah/WikiCommons

Águia-calçada recuperada no LxCRAS libertada no Alentejo

26.02.2025

Uma águia-calçada (Hieraaetus pennatus) que foi recuperada de ferimentos graves na asa esquerda vai ser hoje devolvida à natureza na zona de Mora, Alentejo.

Esta águia tinha sido resgatada no Pinhal Novo com ferimentos graves na asa esquerda. Após ter sido encontrada, o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) entregou esta águia aos cuidados do LxCRAS – Centro de Recuperação de Animais Silvestres de Lisboa, no Parque Florestal de Monsanto.

“Após um cuidadoso processo de tratamento e reabilitação, a águia encontra-se agora em condições de ser libertada em segurança no seu habitat natural”, segundo uma nota do ICNF.

Durante a recuperação, que incluiu treino nos parques e túneis de voo do LxCRAS, “a ave demonstrou uma excelente adaptação, apesar de uma área sem penas na asa que podia comprometer a sua capacidade de voo”. Na verdade, esta é a primeira ave reabilitada no novo túnel de voo do LxCRAS, um investimento financiado a 95% pelo Fundo Ambiental.

A águia-calçada será devolvida à natureza a 26 de fevereiro, pelas 14h30, na Mata Nacional de Cabeção, Mora, no Alentejo.

“A reintrodução desta águia-calçada tem um significado especial, pois trata-se de uma espécie migradora que percorre milhares de quilómetros entre a Europa e a África subsariana.”

Para garantir o sucesso da reintegração no meio selvagem, a equipa do ICNF equipou a ave com um emissor que permitirá monitorizar os seus movimentos e uma intervenção rápida, caso necessário.

O ICNF salienta que esta “será a primeira ave a ser acompanhada por telemetria, graças a um emissor adquirido com o apoio do festival Lisb-ON, o que reforça o compromisso conjunto da Câmara Municipal de Lisboa e do ICNF na conservação da biodiversidade”.

A águia-calçada

Segundo Gonçalo Elias, coordenador do portal Aves de Portugal, “a águia-calçada é a mais pequena das chamadas ‘águias verdadeiras’”. “Uma das curiosidades acerca desta espécie é o facto de se apresentar em duas formas distintas: a primeira, mais comum, denominada forma clara, é essencialmente branca por baixo, notando-se as penas de voo escuras. A outra, chamada forma escura, é menos comum e apresenta a plumagem castanho-escura, o que propicia a confusão com outras rapinas, em especial com o tartaranhão-dos-pauis e o milhafre-preto.”

Esta águia faz o seu ninho em árvores de médio ou grande porte, como sobreiros e pinheiros. Mas “para caçar aprecia zonas mais abertas, tais como matos ou clareiras, por isso é muitas vezes vista a sobrevoar locais com estas características”.

“Sendo uma espécie migradora, a partir do final do Verão a maioria dos indivíduos deixará o nosso país e voará em direcção a África. Tal como acontece com outras aves planadoras, as águias-calçadas evitam atravessar o mar e por isso seguem muitas vezes ao longo da costa. No sul do país, e em especial na região de Sagres, passam anualmente várias centenas de águias-calçadas.”

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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