O glifosato foi o pesticida detectado com mais frequência em dois rios de Espanha, incluindo o Tejo, alertaram os Ecologistas en Acción, que pedem ao Governo espanhol que apoie a proibição deste químico na União Europeia, na votação desta quinta-feira.
A associação espanhola analisou os dados dos programas de controlo de substâncias contaminantes em águas superficiais, realizados pelas confederações hidrográficas em Espanha, em 2016.
Conclusão? Na bacia do Tejo, o glifosato foi o pesticida detectado com mais frequência, encontrado em 263 das 421 amostras analisadas, com concentrações de 0,05 a 7,4 microgramas por litro.
Este químico é um dos componentes do herbicida Roundup, comercializado pela multinacional Monsanto. Em 2015, a Organização Mundial de Saúde concluiu que é um provável cancerígeno para os seres humanos.
Em Espanha, o glifosato é também o pesticida mais frequente no rio Júcar, que desagua no Mediterrâneo, e o segundo com maior presença nas águas fluviais do País Basco.
“Muitas das amostras ultrapassam os limites autorizados para a presença de pesticidas nas águas de consumo humano”, de 0,1 microgramas por litro, adiantam os ambientalistas, numa nota divulgada.
Apesar de ser o herbicida mais utilizado em Espanha, a presença de glifosato nas águas fluviais foi analisada por apenas seis dos 10 organismos gestores de bacias hidrográficas que enviaram dados aos Ecologistas en Acción.
A associação lembra ainda que um estudo recente realizado em terrenos agrícolas de 11 países europeus detectou glifosato e metabolito em 25% e 40% dos solos analisados em Espanha, respectivamente.
“As concentrações de glifosato detectadas em Espanha são das mais altas da Europa”, sublinha. Nesse estudo, Portugal foi o país europeu onde foram detectados níveis mais elevados de glifosato, com a presença deste produto em 53% dos solos analisados.
Esta quinta-feira, dia 9 de Novembro, os Estados-membros europeus vão votar se prolongam a autorização de uso deste herbicida e por quanto tempo, depois de não terem conseguido chegar a acordo quanto à extensão da licença por mais 10 anos.
Há duas semanas, os deputados do Parlamento Europeu pediram que Bruxelas não aprove o prolongamento por mais uma década. Numa resolução não vinculativa, defendem restrições ao uso do químico a partir de 2018 e uma proibição total até 2022.
Em Portugal, o uso de herbicidas e pesticidas em espaço público, incluindo o glifosato, está proibida por lei desde o início deste ano. São permitidas excepções, todavia, desde que autorizadas pela Direcção-Geral de Alimentação e Veterinária, no caso de combate a pragas.
[divider type=”thin”]Saiba mais.
Conheça a Iniciativa Europeia de Cidadãos contra o glifosato, lançada no início deste ano por mais de 100 organizações, cuja petição tem agora mais de 1,3 milhões de assinaturas.