O leitor Brites Araújo fotografou este fungo na llha de São Miguel, Açores, a 7 de Outubro e pediu ajuda na identificação. A associação Ecofungos responde.
“A 7 de Outubro encontrei esta espécie no relvado da minha casa, na ilha de S. Miguel, Açores. Mede cerca de 15 cm e terá à volta de uns 2 ou três de diâmetro na base. Os amigos ligados à biologia a quem enviei as fotos não são unânimes na sua identificação. Agradeço a vossa ajuda relativamente ao nome e informação sobre a sua eventual perigosidade (tenho animais em casa e temo pela sua segurança)”, escreveu o leitor à Wilder.
Trata-se de um fungo da espécie pénis-de-cão (Mutinus caninus).
Espécie identificada e texto por: Ecofungos – Associação Micológica.
A espécie que o leitor fotografou é muito curiosa por vários motivos, a começar pelo nome (“Pénis de cão”).
Trata-se de uma espécie inserida num grupo de fungos que na sua evolução adotou uma estratégia de sobrevivência interessante: mimetiza a carne em putrefação (cor e cheiro), atraindo insetos necrófagos.
Os esporos são liquefeitos, na sua maturação, e ficam impregnados no corpo dos insectos que por ali passam. Deste modo, estes insectos contribuem para a dispersão dos esporos da espécie transportando-os para distâncias muito consideráveis.
Esta espécie, a Mutinus caninus, assemelha-se a outras que já identificámos aqui, como por exemplo, a Phallus impudicus e a gaiola-de-bruxa (Clathrus ruber), que desenvolveram a mesma estratégia de dispersão dos seus esporos.
Esta espécie desenvolve-se inicialmente sob a forma de um ovo gelatinoso, que se irá manter até à maturação final do fruto (cogumelo). Este ovo fica no solo e disponibiliza a humidade necessária ao cogumelo para que se mantenha fresco por mais tempo, a fim dos seus esporos serem transportados.
É uma espécie sapróbia ou decompositora.
Agora é a sua vez.
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Explore a série “Que espécie é esta?” e descubra quais as espécies que já foram identificadas, com a ajuda dos especialistas.