O leitor Nuno Cruz fotografou esta aranha a 2 de Junho em Atenor, Miranda do Douro, e quis saber a que espécie pertence. Pedro Sousa responde.
“No dia 2 de junho vi esta aranha em Atenor (Miranda do Douro). Gostaria de saber qual a sua espécie”, escreveu o leitor à Wilder.
Trata-se de uma aranha papa-moscas-vermelho (Philaeus chrysops).
Espécie identificada e texto por: Pedro Sousa, biólogo com vasta experiência na identificação de espécies de aranhas autóctones de Portugal e especialista do grupo Aranhas e Escorpiões da IUCN SSC.
“É uma aranha da espécie Philaeus chrysops. A aranha da foto é um macho, pois apenas estes têm o abdômen com essa coloração vermelha intensa”, respondeu Pedro Sousa.
“É uma das maiores e mais espetaculares aranhas-saltadoras (família Salticidae) que podemos ver em Portugal.”
Esta aranha mede até 1 centímetro de comprimento e em Portugal é relativamente comum (sobretudo no interior).
“Os machos têm este brilhante padrão com linhas vermelhas e as fêmeas têm um padrão bem semelhante mas em vez de linhas vermelhas têm linhas castanhas ou cinzentas. Isto dá-lhes um ar pardacento que lhes permite passar despercebidas em rochas com líquenes, onde gostam de caçar”, explicou anteriormente Sérgio Henriques, especialista em aranhas.
“Os machos não conseguem passar tão facilmente despercebidos com esta coloração vermelha, mas esta é precisamente a função do seu padrão, já que querem anunciar a outros machos onde estão, por serem uma espécie bastante territorial, que não tolera nada bem que outro macho entre na sua rocha, ou árvore.”
“Quando dois machos com colorações igualmente vermelhas e de tamanho similar se encontram, alguém vai ter um mau dia. Ambos levantam os abdomens (para mostrar o quão vermelhos e saudáveis são), abrem os primeiros pares de patas tanto quanto podem (parecendo que se vão abraçar) e abrem muito a boca. Esta posição de combate indica que não pretendem recuar. E quando os dois estão quase a tocar-se conseguem ter a certeza que têm o mesmo tamanho, pois ambas as pontas das suas patas estão quase a tocar-se. E assim parece que não há outra solução para resolver o conflito, e tal como humanos (sobretudo adolescentes em filmes americanos) têm de ver quem dança melhor. Esta dança ritualizada é complexa e bastante bonita de observar, e está tão entranhada no comportamento desta espécie que se alguém colocar um espelho em frente de um macho de papa-moscas-vermelho, este pode pensar que é um rival do mesmo tamanho e começa a dançar.”
“Esta espécie não faz teia, mas à semelhança de um tigre ou lince, apanha pequenos insectos por embuscada ou perseguição durante o dia, quando os consegue ver bastante bem com os seus olhos bem grandes.”
Agora é a sua vez.
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