A leitora Élia Oliveira fotografou esta planta em Cortegaça a 13 de Outubro e pediu ajuda na identificação. Carine Azevedo responde.
“Na minha caminhada pela manhã passei na Rua da Seara, em Cortegaça, e vi esta planta curiosa. Poderiam identificar por favor?”, perguntou a leitora à Wilder.
Trata-se de uma paina-de-seda (Gomphocarpus physocarpus).
Espécie identificada e texto por: Carine Azevedo, consultora na gestão de património vegetal ao nível da reabilitação, conservação e segurança de espécies vegetais e de avaliação fitossanitária e de risco. Dedica-se também à comunicação de ciência para partilhar os pormenores fantásticos da vida das plantas.
Tudo indica que as fotografias sejam de uma paina-de-seda (Gomphocarpus physocarpus E. Mey.), também conhecida como paineirinha ou planta-balão. Trata-se de uma planta da família Apocynaceae, originária do sul de Moçambique e da África do Sul.
Com uma aparência única e muito característica, esta espécie arbustiva pode atingir até 2,5 metros de altura. As suas folhas são inteiras, lineares ou estreitamente lanceoladas, com uma textura tomentosa (peluda) em ambas as faces.
As flores da paina-de-seda surgem entre julho e setembro, embora, por vezes, este período possa ser ligeiramente alargado. As flores são pequenas, brancas e cerosas, dispostas em inflorescências densas, formando um conjunto delicado. Embora não sejam particularmente exuberantes, estas flores atraem a borboleta Monarca, um dos insectos mais conhecidos e admirados. Esta interação com a fauna é um excelente motivo para cultivar esta planta, promovendo a biodiversidade nos espaços verdes.
Os frutos da paina-de-seda, conhecidos como folículos, são pequenas cápsulas em forma de balão, como os que se veem nas fotografias. Cada folículo contém inúmeras sementes escuras e aladas, rodeadas por penachos de pêlos brancos semelhantes ao algodão, que facilitam a sua dispersão pelo vento. Esta característica incomum dos frutos adiciona interesse e textura à planta, o que a torna muito valorizada como ornamental.
Apesar de ser uma planta de grande beleza, a paina-de-seda pode ser facilmente confundida com outra espécie do mesmo género, o algodoeiro-falso (Gomphocarpus fruticosus (L.) W.T. Aiton fil.), também vulgarmente conhecido como sedas, sumaúma ou sumaûma-bastarda, que é considerada uma espécie invasora em Portugal. O algodoeiro-falso está listado no Decreto-Lei nº 92/2019, de 10 julho, que regula as espécies exóticas invasoras no país. Por isso, é importante distinguir bem entre as duas espécies e ter em conta as recomendações legais ao cultivar plantas exóticas.As duas espécies distinguem-se facilmente pelos frutos. A paina-de-seda (Gomphocarpus physocarpus) tem frutos arredondados, que terminam numa ponta afundada com um bico minúsculo, enquanto o algodoeiro-falso (Gomphocarpus fruticosus) tem frutos ligeiramente curvados, que terminam num bico curto e curvo. Além disso, as duas espécies podem formar híbridos com características que podem ser difíceis de distinguir a olho nu, o que torna importante um cuidado especial na identificação.
Agora é a sua vez.
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