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Fêmea de Odontura glabricauda. Foto: Paulo Lucas

Que espécie é esta: Odontura glabricauda

05.05.2020

O leitor Paulo Serra dividiu o terraço de casa com um intrigante insecto durante duas semanas e pediu para saber a espécie. Eva Monteiro responde.

 

“Viveu aqui no meu terraço durante duas semanas de Abril. […]Esteve sempre na mesma zona de uma pequena magólia, cheguei a deixar-lhe alface lá nos ramos, mas preferiu comer as folhas da magólia”, descreveu Paulo Serra, que vive na Urbanização da Atalaia, Amadora.

Trata-se de uma fêmea da espécie Odontura glabricauda.

 

Fêmea de Odontura glabricauda. Foto: Paulo Serra

 

Espécie identificada e texto por: Eva Monteiro, Rede de Estações da Biodiversidade, Tagis – Centro de Conservação das Borboletas de Portugal.

O insecto do terraço é aparentado com os grilos, embora não seja um grilo típico. O seu nome é Odontura glabricauda, é uma fêmea, e trata-se de uma espécie endémica da Península Ibérica. Ou seja, Portugal e Espanha são os únicos dois países do mundo onde ocorre naturalmente.

A Odontura glabricauda é uma das espécies de Orthoptera alvo de avaliação para a Lista Vermelha dos Invertebrados de Portugal Continental.

As Odonturas, como todos os Ensifera (sub-ordem a que pertencem os grilos e relativos), não são estritamente herbívoras, alimentam-se também de pequenos insectos.

De acordo com Paulo Serra, no terraço apareceu ainda outro insecto mais pequeno, que devia ser o macho, e que “ao segundo dia estava morto no chão”. “Estiveram sempre muito lentos nos movimentos, desapareceu misteriosamente, terá voado?”, questionou-se ainda o leitor.

Segundo Eva Monteiro, o animal não terá voado pois trata-se de uma espécie em que as asas são muito reduzidas.

 

[divider type=”thin”]Agora é a sua vez.

Encontrou um animal ou planta que não sabe a que espécie pertence? Envie-nos para o nosso email a fotografia, a data e o local. Trabalhamos com uma equipa de especialistas que o vão ajudar.

Explore a série “Que espécie é esta?” e descubra quais as espécies que já foram identificadas, com a ajuda dos especialistas.

Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.

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