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Que espécie é esta: morcego do género Pipistrellus sp.

15.02.2022

O leitor Vítor Brito fotografou este morcego no Monte de Nossa Senhora da Madalena, Ponte de Lima, a 6 de Fevereiro e pediu ajuda na identificação. Paulo Barros responde.

“Venho solicitar a vossa ajuda na identificação de uma espécie de morcego. As fotos foram tiradas no dia 6 de fevereiro pelas 10 da manhã, na zona de Ponte de Lima, no Monte de N.S. da Madalena. O morcego estava a dormir, junto ao chão, na parte da frente da capela de N. S. da Madalena e não foi incomodado. Devia ter mais ou menos uns 6 centímetros”, escreveu o leitor à Wilder.

Trata-se de um morcego do género Pipistrellus sp.

Espécie identificada por: Paulo Barros, investigador na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) e membro da equipa de investigadores para os morcegos do Livro Vermelho dos Mamíferos de Portugal Continental

Segundo o investigador, apenas é possível identificar o género, não a espécie.

Há morcegos mais fáceis de identificar e algumas espécies são mesmo inconfundíveis, como o morcego-rabudo (Tadarida teniotis). Mas tal não é o caso do morcego da fotografia que o leitora nos envia.

Para identificar a espécie (das três que ocorrem em Portugal do género Pipistrellus) seria necessário “ter o bicho na mão”, explica Paulo Barros.

Algumas das formas de distinguir essas três espécies são, por exemplo, observar a “coloração dos órgãos genitais e a forma como as nervuras das asas são apresentadas”, explica o investigador. Normalmente, é necessário observar um conjunto de características distintivas para chegar à espécie.

Os morcegos do género que o leitor observou, Pipistrellus, são das espécies de morcegos mais comuns no nosso país. Por exemplo, o morcego-anão (Pipistrellus pipistrellus) ocorre frequentemente nas cidades. “É fácil de o vermos a voar à volta dos candeeiros.”

Estes são morcegos fissurícolas, isto é, abrigam-se debaixo de telhas e em fissuras nos edifícios, mesmo com apenas alguns milímetros de largura. Por isso, as cidades são “óptimos refúgios para estes morcegos”.

A maior parte dos morcegos que, por vezes, encontramos dentro das nossas casas são do género Pipistrellus.

E os morcegos “retribuem”. Segundo Paulo Barros, “são óptimos controladores de insectos, como melgas e mosquitos, e podem consumir até metade do seu peso numa noite. Podem comer até um milhar de insectos por noite”.


Agora é a sua vez.

Encontrou um animal ou planta que não sabe a que espécie pertence? Envie-nos para o nosso email a fotografia, a data e o local. Trabalhamos com uma equipa de especialistas que o vão ajudar.

Explore a série “Que espécie é esta?” e descubra quais as espécies que já foram identificadas, com a ajuda dos especialistas.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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