A jornalista Helena Geraldes fotografou esta planta a 5 de Dezembro em Moura, Beja, e pediu ajuda na identificação. Carine Azevedo responde.
Trata-se de um montã-do-outono (Ranunculus bullatus).
Espécie identificada e texto por: Carine Azevedo, consultora na gestão de património vegetal ao nível da reabilitação, conservação e segurança de espécies vegetais e de avaliação fitossanitária e de risco. Dedica-se também à comunicação de ciência para partilhar os pormenores fantásticos da vida das plantas.
O Ranunculus bullatus L., vulgarmente conhecido como montã-do-outono, borboleta-bolhada ou ranúnculo-bolhado, é uma planta herbácea pertencente à família Ranunculaceae.
É nativa da região mediterrânica, sendo encontrada em países do sul da Europa, Norte de África e algumas áreas do Médio Oriente. Em Portugal, ocorre principalmente no sul do território, em locais de clima mediterrânico, mas pode ser observada noutras zonas com condições semelhantes. Prefere terrenos abertos, como pastagens e clareiras de matos, frequentemente húmidos ou sombrios, especialmente em solos argilosos ou calcários.
Esta planta apresenta pequeno porte, raramente ultrapassando os 30 cm de altura. As suas folhas basais são arredondadas e ligeiramente carnudas, adaptadas para reter água durante períodos secos. As flores, que surgem no outono e início do inverno, são amarelas, brilhantes e em forma de “taça”. Apresentam uma superfície altamente refletora, que lhes confere um brilho metálico, uma adaptação que atrai polinizadores mesmo em condições de baixa luminosidade, típicas da estação em que floresce. O fruto é composto por pequenos aquénios, agrupados em cabeças globosas.
Apesar do seu aspeto delicado, o montã-do-outono contém compostos tóxicos que podem causar irritações na pele e são ligeiramente nocivos para animais de pasto quando ingeridos. No entanto, uma vez seca, a planta perde grande parte da sua toxicidade.
Como outras espécies do género Ranunculus, o montã-do-outono destaca-se pela sua resiliência. É uma das poucas espécies do género que floresce numa altura em que muitas plantas estão em dormência, beneficiando da menor competição por polinizadores. Esta planta, além de ser um componente importante dos ecossistemas mediterrânicos, é também um exemplo de como as plantas se podem adaptar, aproveitando condições menos favoráveis para se destacar na paisagem natural.
Agora é a sua vez.
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