O leitor Miguel Martins encontrou esta cobra a 12 de Junho na Cova da Beira e pediu ajuda na identificação da espécie. José Carlos Brito responde.
“Encontrei esta pequena cobra com um máximo de 50 cm a um metro da entrada da minha casa numa quinta na Beira Baixa na Cova da Beira, entre o Fundão e a Covilhã. Depois de pesquisar na Net encontrei algumas parecenças com a víbora corcunda e sinceramente fiquei preocupado. Podem ajudar-me a identificar a espécie? Peço desculpa pela má qualidade da foto, mas além de ser de noite, a cobra estava muito agressiva e a silvar”, escreveu o leitor à Wilder.
Trata-se de uma cobra-de-escada (Zamenis scalaris).
Espécie identificada por: José Carlos Brito, especialista em répteis no BIOPOLIS-CIBIO.
“Trata-se de um sub-adulto de cobra-de-escada (Zamenis scalaris), identificável pelas bandas transversais no dorso, as quais em conjunto com as duas linhas longitudinais desenham uma “escada” no dorso”, disse José Carlos Brito.
“Efectivamente, quando encurralada, esta espécie tende a defender-se com vigor, bufando e silvando, mas é completamente inofensiva, não dispondo de nenhum tipo de veneno. Ou seja, a agressividade é uma manobra de intimidação contra predadores. Claro que se for capturada tenderá naturalmente a morder, pelo que é desaconselhada a captura/manipulação.”
As cobras desta espécie podem chegar aos 160 centímetros de comprimento, como explica o guia “Anfíbios e Répteis de Portugal”. Podem encontrar-se em Portugal e Espanha e ainda nalgumas regiões de Itália e França, sendo mais fáceis de observar entre Abril e Outubro.
Alimentam-se normalmente de roedores, em especial de ratos, mas também podem caçar pequenos coelhos, aves e lagartixas.
De acordo com o Atlas dos Anfíbios e Répteis de Portugal, esta é a segunda serpente com maior área de distribuição no nosso país, apenas ultrapassada pela cobra-rateira. Encontra-se bem distribuída por todo o território continental, especialmente até aos 800 metros de altitude.
Gosta de azinhais ou sobreirais abertos. Sobretudo em paisagens agrícolas, procura a vegetação junto aos rios e as orlas e muros que dividem os campos de cultivo.
Estas cobras são muitas vezes vítima de atropelamentos, por procurarem o calor retido no asfalto das estradas para se aquecerem durante a noite, e enfrentam a destruição do seu habitat.
Agora é a sua vez.
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