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Que espécie é esta: cobra-de-água-de-colar-mediterrânica

03.08.2020

O leitor Jorge Silva encontrou esta cobra a 2 de Agosto na freguesia de Marrazes, em Leiria, e pediu ajuda na identificação da espécie. O investigador Luís Ceríaco responde.

 

“Encontrei esta cobra dentro da minha casa… Pelas pesquisas que fiz parece ser uma cobra de água de colar. O estranho é que nas redondezas da minha casa não existe nenhum curso de água perto. Existe a possibilidade de o meu gato a ter capturado e a ter trazido para dentro de casa, mas se assim fosse estaria com certeza aleijada, o que não me pareceu. Coloquei a cobra num terreno e consegui tirar estas fotos”, contou Jorge Silva à Wilder.

 

Trata-se de uma cobra-de-água-de-colar-mediterrânica (Natrix astreptophora).

Espécie identificada por: Luís Ceríaco, especialista em répteis e investigador do Museu de História Natural e da Ciência da Universidade do Porto.

Em muitas regiões da Europa, a cobra-de-água-de-colar (Natrix natrix) é a espécie de cobra mais comum. Mas a taxonomia das cobras-de-água ainda está relativamente pouco estudada.

Há alguns anos, foi feita uma descoberta entusiasmante. “Até há pouco tempo, esta era considerada uma subespécie da cobra-de-água-de-colar (Natrix natrix), mas estudos recentes demonstraram que a população ibérica é diferente e tem estatuto de espécie”, explicou Luís Ceríaco. Foi, então, reconhecida como cobra-de-água-de-colar-mediterrânica (Natrix astreptophora).

Num artigo científico publicado em 2016, uma equipa de investigadores recomendou que esta cobra fosse reconhecida como uma espécie diferente. “A Natrix astreptophora difere, consistentemente, de todas as outras cobras-de-água pela coloração avermelhada da íris, por ter menos escamas ventrais e por ter outra morfologia do crânio”, escreveram os autores do artigo.

A cobra-de-água-de-colar-mediterrânica (Natrix astreptophora) é uma boa nadadora.

Pode ultrapassar os 150 centímetros de comprimento total, sendo as fêmeas habitualmente maiores que os machos, segundo o Museu Virtual da Biodiversidade da Universidade de Évora.

“A coloração dorsal é variável, variando entre o verde-oliváceo, o acinzentado, o acastanhado ou mesmo o pardo; exibe um padrão de pequenas manchas negras irregulares, espalhadas ao longo do corpo.”

[divider type=”thick”]Agora é a sua vez.Encontrou um animal ou planta que não sabe a que espécie pertence? Envie-nos para o nosso email a fotografia, a data e o local. No caso de plantas, deve enviar fotos de pormenor das folhas, frutos e flores (se houver), se possível também tiradas contra o céu. Trabalhamos com uma equipa de especialistas que o vão ajudar.

Explore a série “Que espécie é esta?” e descubra quais as espécies que já foram identificadas, com a ajuda dos especialistas.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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