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Que espécie é esta: tecedeira-melancia

23.03.2020

O leitor Carlos Santos fotografou esta aranha a 21 de Março no terraço da sua casa no Porto e quis saber a que espécie pertence. Sérgio Henriques responde.

 

 

 

Trata-se de uma tecedeira-melancia (Araniella cf. cucurbitina), identificação sujeita a confirmação.

Espécie identificada e texto por: Sérgio Henriques, líder do grupo de especialistas em aranhas e escorpiões da UICN (União Internacional para a Conservação da Natureza) e especialista da Sociedade Zoológica de Londres.

A aranha da fotografia é uma fêmea de Araniella cf. cucurbitina.

Este é um animal que é difícil de saber com certeza a que espécie pretence apenas por fotografias, por haver espécies próximas bem similares das quais conhecemos muito pouco.

As Araniella fazem teias orbiculares bem pequenas (como se vê numa das fotografias) e por vezes horizontais, mas podem ser bem excêntricas, com uma adaptabilidade de arquitectura que não é comum nesta família de aranhas.

A mancha vermelha só é visivel ventralmente (tanto nos machos quanto nas fêmeas) mas é frequentemente maior e mais visível nos juvenis destas espécies. O vermelho vivo em combinação com o verde claro, bem distincto destas espécies, é o que dá o nome comum de Tecedeira-melancia. Um nome que toda gente que já viu este animal acha adequado.

As fêmeas desta espécie são mães estremadas que fazem sacos de ovos bem grandes (para o seu pequeno tamanho) com um grande volume de muita seda lanosa (muito macia) cor de palha para os proteger. A cor permite que o saco passe facilmente despercebido.

As mães morrem pouco depois de porem os ovos, no Outono, provavelmente de exaustão, depois de gastarem tanta energia a pôr os ovos e a protegê-los com tanta seda.

O saco é normalmente colocado na parte debaixo de uma folha que, naturalmente, se enrola e cai no Outono, como todas as outras folhas. Mas assim os ovos são levados pelo vento e passam o Inverno protegidos no chão da floresta (ou jardim). O que nos devia fazer pensar sobre a maneira como cuidamos das folhas mortas das nossas árvores.

Depois de um Inverno passado numa manta segura e quente de folhas mortas, as jovens aranhas eclodem em grandes números todas ao mesmo tempo (assumo que como segurança contra os predadores como acontece com outros animais e plantas).

Marcando o início de uma viagem épica para estes pequenos animais, desde o chão da floresta para o seu regresso à copa das árvores que, para elas, são verdadeiros gigantes. Para que o ciclo da vida recomece novamente.

 

[divider type=”thick”]Agora é a sua vez.

Encontrou um animal ou planta que não sabe a que espécie pertence? Envie-nos para o nosso email a fotografia, a data e o local. Trabalhamos com uma equipa de especialistas que o vão ajudar.

Explore a série “Que espécie é esta?” e descubra quais as espécies que já foram identificadas, com a ajuda dos especialistas.

 

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Para o ano de 2020 criámos um calendário inspirado nas espécies de plantas, animais e cogumelos de Portugal, com 12 das melhores imagens que recebemos dos nossos leitores, através do Que Espécie É Esta. E com os dias mais especiais dedicados à Natureza, de Janeiro a Dezembro. 

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Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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