O leitor Carlos Santos fotografou esta aranha a 21 de Março no terraço da sua casa no Porto e quis saber a que espécie pertence. Sérgio Henriques responde.
Trata-se de uma tecedeira-melancia (Araniella cf. cucurbitina), identificação sujeita a confirmação.
Espécie identificada e texto por: Sérgio Henriques, líder do grupo de especialistas em aranhas e escorpiões da UICN (União Internacional para a Conservação da Natureza) e especialista da Sociedade Zoológica de Londres.
A aranha da fotografia é uma fêmea de Araniella cf. cucurbitina.
Este é um animal que é difícil de saber com certeza a que espécie pretence apenas por fotografias, por haver espécies próximas bem similares das quais conhecemos muito pouco.
As Araniella fazem teias orbiculares bem pequenas (como se vê numa das fotografias) e por vezes horizontais, mas podem ser bem excêntricas, com uma adaptabilidade de arquitectura que não é comum nesta família de aranhas.
A mancha vermelha só é visivel ventralmente (tanto nos machos quanto nas fêmeas) mas é frequentemente maior e mais visível nos juvenis destas espécies. O vermelho vivo em combinação com o verde claro, bem distincto destas espécies, é o que dá o nome comum de Tecedeira-melancia. Um nome que toda gente que já viu este animal acha adequado.
As fêmeas desta espécie são mães estremadas que fazem sacos de ovos bem grandes (para o seu pequeno tamanho) com um grande volume de muita seda lanosa (muito macia) cor de palha para os proteger. A cor permite que o saco passe facilmente despercebido.
As mães morrem pouco depois de porem os ovos, no Outono, provavelmente de exaustão, depois de gastarem tanta energia a pôr os ovos e a protegê-los com tanta seda.
O saco é normalmente colocado na parte debaixo de uma folha que, naturalmente, se enrola e cai no Outono, como todas as outras folhas. Mas assim os ovos são levados pelo vento e passam o Inverno protegidos no chão da floresta (ou jardim). O que nos devia fazer pensar sobre a maneira como cuidamos das folhas mortas das nossas árvores.
Depois de um Inverno passado numa manta segura e quente de folhas mortas, as jovens aranhas eclodem em grandes números todas ao mesmo tempo (assumo que como segurança contra os predadores como acontece com outros animais e plantas).
Marcando o início de uma viagem épica para estes pequenos animais, desde o chão da floresta para o seu regresso à copa das árvores que, para elas, são verdadeiros gigantes. Para que o ciclo da vida recomece novamente.
[divider type=”thick”]Agora é a sua vez.
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