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Que espécie é esta: aranha-lobo-radiada

18.09.2020

A leitora Cristina Cavaco enviou-nos esta foto de aranha vista a 20 de Agosto em Altura, Monte Gordo, e quis saber a que espécie pertence. Sérgio Henriques responde.

“Costumam aparecer este tipo de aranhas no alpendre da minha casa no Algarve”, escreveu a leitora à Wilder. “Gostava de saber que espécie é e se são venenosas e perigosas para os humanos.” 

Trata-se de uma aranha-lobo-radiada (Hogna radiata)

Espécie identificada por: Sérgio Henriques, líder do grupo de especialistas em aranhas e escorpiões da UICN (União Internacional para a Conservação da Natureza) e especialista da Sociedade Zoológica de Londres.

Esta é uma espécie bem nativa de aranha-lobo, originalmente chamada de Tarântula. Ocorre no Sul da Europa, Norte de África e Ásia Central.

Caça pequenos insectos e pode viver em florestas, parques e zonas de vegetação.

As aranhas da fotografia de Cristina Cavaco parecem ser um casal de Hogna radiata. Na época de acasalamento os machos dançam para a atrair as fêmeas e estas saem para os ver dançar e escolher o seu futuro parceiro. Um pouco como se fazia em Portugal no tempo dos bailaricos. Este casal, infelizmente, parece que não conseguiu viver feliz para sempre.

Por serem relativamente grandes para o tamanho das aranhas que costumamos encontrar, a sua boca (quelíceras) consegue penetrar a pele humana, algo que a maioria das aranhas não consegue fazer. Mas as mordeduras são extremamente raras, porque são animais tímidos de hábitos nocturnos, que fogem assim que sentem a presença de um ser humano. 

Mesmo que sejam encurraladas ou forçadas a morder não representam qualquer risco de saúde para os seres humanos ou animais de estimação, uma vez que a mordedura causa apenas efeitos localisados no sítio onde o animal mordeu (semelhante a uma picada de agulha mas bem menos doloroso que uma picada de abelha). 

O maior risco é mesmo para o animal que muitas vezes é morto quando é encontrado, ou para as pessoas que têm tanto medo destas pequenas criaturas que podem colocar-se a si próprias em risco ao tentar fugir delas, ou magoar outras pessoas ao tentar evitá-las, ou fazer-lhes mal.

As aranhas não matam ninguém (nem mesmo na Australia), mas a aracnofobia mata todos os dias.


Agora é a sua vez.

Encontrou um animal ou planta que não sabe a que espécie pertence? Envie para o nosso email a fotografia, a data e o local. Trabalhamos com uma equipa de especialistas que o vão ajudar.

Explore a série “Que espécie é esta?” e descubra quais as espécies que já foram identificadas, com a ajuda dos especialistas.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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