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Que espécie é esta: afinal é uma petinha-ribeirinha

13.12.2017

O leitor António Vieira pediu ajuda na identificação desta pequena ave que lhe apareceu quando estava a fotografar na Lagoa de Óbidos, no passado dia 2 de Dezembro. Primeiro foi identificada como uma petinha-dos-prados, mas afinal é uma petinha-ribeirinha.

 

 

A espécie que observou é uma petinha-ribeirinha (Anthus spinoletta).

Espécie identificada por: João Tomás, um dos organizadores do censo à águia-pesqueira invernante em Portugal.

As petinhas são pequenas aves castanhas e brancas que se alimentam de insectos. A sua identificação nem sempre é fácil.

Segundo nos conta João Tomás, há três espécies de petinhas que se reproduzem em Portugal – petinha-das-árvores (Anthus trivialis), petinha-dos-campos (Anthus campestris) e corre-caminhos (Anthus bertheloti) – Arquipélago da Madeira.

Além destas três espécies, há três espécies que passam o Inverno em Portugal – petinha-dos-prados (Anthus pratensis), petinha-ribeirinha (Anthus spinoletta) e petinha-marítima (Anthus petrosus). Uma curiosidade: a petinha-ribeirinha poderá ser incluída na lista das espécies nidificantes (segundo o II Atlas das Aves Nidificantes de Portugal) mas que ocorre essencialmente como invernante.

Depois há duas espécies que ocorrem enquanto migradoras de passagem (em ambas as espécies há registos de indivíduos que invernaram em Portugal) – a petinha-de-garganta-ruiva (Anthus cervinus) e a petinha de Richard (Anthus richardi).

Muito mais raras são a petinha-silvestre (Anthus hodgsoni) e a petinha de Blyth (Anthus godlewskii). Estas são espécies acidentais em Portugal.

De início, a ave que o leitor António Vieira observou foi identificada como sendo uma petinha-dos-prados. Mas, afinal, é uma petinha-ribeirinha. Segundo João Tomás, a petinha-ribeirinha distingue-se por ter tons acinzentados na cabeça, um supercílio marcado e um dorso pouco riscado.

 

 

A petinha-ribeirinha mede entre 15 e 17 centímetros. É uma das espécies nidificantes mais raras da avifauna do país, segundo o “Atlas das Aves Nidificantes em Portugal”. Sabe-se que faz ninho nos lameiros com sebes de vidoeiro e pinheiro-silvestre na serra de Montesinho. Este será o único núcleo reprodutor conhecido e confirmado.

Durante o Outono e Inverno, Portugal recebe as petinhas vindas de outras partes da Europa, à procura de clima mais ameno e alimento abundante. Podem, então, ser observadas “em grande parte do território nacional, onde quer que existam zonas húmidas”, segundo o livro “Aves de Portugal – Ornitologia do Território Continental”. Estarão no nosso país entre Outubro e Março.

 

 

Esta ave tem estatuto de Pouco Preocupante na Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN).

 

[divider type=”thick”]Agora é a sua vez.

Encontrou um animal ou planta que não sabe a que espécie pertence? Envie-nos para o nosso email a fotografia, a data e o local. Trabalhamos com uma equipa de especialistas que o vão ajudar.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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