A Primavera é um dos melhores momentos do ano para descobrir o mundo natural. Bióloga da Universidade de Aveiro e responsável pela associação BioLiving, Milene Matos sugere uma região portuguesa que “é um mosaico de paisagens contrastadas, mas em harmonia, onde a Natureza se faz sentir”. “Vale bem uma visita com tempo e calma!”, convida.
Wilder: Qual é o local que gostava de dar a conhecer, neste início de Primavera?
Milene Matos: A região do Baixo Vouga Lagunar [situada nos concelhos de Estarreja, Aveiro e Albergaria-a-Velha.] Em concreto, para quem visitar a região, destacaria a Pateira de Frossos, os percursos do BioRia, a Pateira de Taboeira e as áreas de ‘Bocage’ de Albergaria-a-Velha e Cacia.
W: Por que razão é que sugere o Baixo Vouga Lagunar?
Milene Matos: O Baixo Vouga é um ecossistema húmido complexo que, no seu conjunto, não tem paralelo em Portugal.
Alberga uma fauna e flora muito diversificadas, com muitas espécies protegidas, mas é também um laboratório vivo no que respeita às dinâmicas hídricas (pois aqui as águas são doces, salgadas e salobras) e à conciliação das actividades humanas com a conservação da natureza.
É um mosaico de paisagens contrastadas, mas em harmonia, onde a Natureza se faz sentir. Vale bem uma visita com tempo e calma!
W: Quais são as espécies que se podem encontrar, facilmente, nesta região?
Milene Matos: Em termos de fauna, posso destacar as aves e os anfíbios. Embora o Baixo Vouga tenha interesse em qualquer estação do ano, é na Primavera que se poderá observar a reprodução da garça-vermelha (aqui com a maior colónia reprodutora em Portugal), aves paludícolas (como o rouxinol-pequeno-dos-caniços ou a escrevedeira-dos-caniços), aves de rapina diversas, como a águia-sapeira ou o peneireiro-cinzento, e também aves florestais, como os chapins e picapaus.
O Baixo Vouga é também um dos locais de Portugal onde mais espécies raras se têm registado.
As noites são certamente animadas pelos anfíbios, principalmente se chover. No início da Primavera, relas, sapos e rãs fazem coros de múltiplas espécies (como a rã-verde, a rã-de-focinho-pontiagudo, o sapo-corredor), que vale a pena escutar.
Em termos de flora e paisagem, na minha opinião, o destaque no Baixo Vouga vai para os caniçais ladeados pela mais extensa área de ‘Bocage’ genuíno, com os seus típicos retângulos de pastagem delimitados por valas e sebes vivas de carvalho-alvarinho, salgueiros e amieiros.
[divider type=”thin”]Série Passeios de Primavera:
Nesta Primavera, com a ajuda de especialistas no mundo natural, a Wilder vai sugerir-lhe alguns dos melhores passeios para ver de perto o que está a acontecer na natureza.
Para começar, conheça as flores da Serra de Montejunto e das Serras de Aire e Candeeiros.
Se tiver sugestões, pode enviar-nos texto e imagens para [email protected].
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Entre os dias 6 e 9 de Abril, realiza-se a Feira ObservaRia, no Esteiro de Salreu, Estarreja, na região do Baixo Vouga Lagunar. Leia aqui o que poderá encontrar nesta feira de turismo de natureza e observação de aves.