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Dedaleira (Digitalis purpurea). Foto: ©Patricia Garcia Pereira

Um BioBlitz para descobrir todas as espécies de Monsanto

04.06.2015

Quem for ao BioBlitz Monsanto, dia 10 de Junho, quarta-feira, vai andar em busca de libélulas, borboletas, melros, esquilos e corujas e muitas outras espécies. A Wilder falou com Cristina Luís, investigadora ligada à iniciativa, que nos contou tudo o que se vai passar no parque florestal lisboeta.

O desafio está lançado. Os organizadores do BioBlitz Monsanto, que se realiza na próxima quarta-feira, 10 de Junho, querem encontrar mais de 200 espécies ao longo das 14 horas que durar esta acção de ciência cidadã, gratuita e aberta a todos os interessados.

 

Área do Anfiteatro Keil do Amaral, em Monsanto. Foto: Cristina Luís
Área do Anfiteatro Keil do Amaral, em Monsanto. Foto: Cristina Luís

 

O ponto de encontro é o anfiteatro Keil do Amaral, na zona sul do Parque Florestal de Monsanto. Vai ser ali e na área em redor que 15 a 20 especialistas vão juntar-se aos participantes, em várias sessões entre as 09h00 e as 24h00, em busca do maior número possível de espécies que conseguirem encontrar.

Cada sessão de observação e registo vai ter um tema diferente e ser acompanhada por investigadores especialistas nessas áreas – ligados à Universidade de Lisboa, à Sociedade Portuguesa de Botânica e ao Tagis-Centro de Conservação das Borboletas de Portugal. Vai ser também distribuído um pequeno guia de campo (Guia de Campo Dia B, publicado em 2010).

 

Parque Florestal de Monsanto. Foto: Cristina Luís

 

Quem preferir, pode ir apenas a uma parte do BioBlitz ou então ficar de manhã à noite, explicou Cristina Luís, coordenadora do projecto Noite Europeia dos Investigadores (no âmbito da qual acontece este BioBlitz), à Wilder. “Para cada sessão, escolhemos as horas em que é mais provável encontrarem-se determinadas espécies.”

O dia começa logo às 09h00 com uma sessão dedicada à observação e identificação de aves, que se prolonga até às 11h00. Melros (Turdus merula) e cartaxos-comuns (Saxicola torquata) são duas das muitas aves que costumam andar em Monsanto, tal como a águia-de-asa-redonda (Buteo buteo).

 

Cartaxo-comum (Saxicola torquata). Foto: ©Patricia Garcia Pereira
Cartaxo-comum (Saxicola torquata). Foto: ©Patricia Garcia Pereira

 

“Achámos que seria mais provável encontrar aves numa hora em que não esteja ainda muito calor”, notou Cristina Luís, também investigadora na Universidade de Lisboa e no Museu Nacional de História Natural e da Ciência (ligado à universidade).

Ainda durante a manhã, quem participar vai aprender como é que os biólogos procuram répteis (entre as 10h00 e as 12h00) e fazer o levantamento das diferentes espécies de árvores e arbustos (11h00-13h00). A lagartixa do mato (Psammodromus algirus) é uma das espécies a procurar.

 

Lagartixa do mato (Psammodromus algirus). Foto: ©Albano Soares
Lagartixa do mato (Psammodromus algirus). Foto: ©Albano Soares

 

Já quem optar pelas árvores e arbustos, pode ficar a saber que em Monsanto ocorrem várias espécies de carvalhos e de pinheiros, mas também azinheiras, sobreiros, freixos e ulmeiros, estes dois últimos junto a cursos de água. A gilbardeira (Ruscus aculeatus), espécie protegida, é um arbusto que marca presença no parque florestal.

 

Gilbardeira (Ruscus aculeatus). Foto: © Rui Félix
Gilbardeira (Ruscus aculeatus). Foto: © Rui Félix

 

Segue-se a observação de borboletas, pela hora do almoço (12h00-14h00), e logo em seguida a busca de libélulas e anfíbios (14h00-16h00). Cristina Luís adianta que vão ser mostradas técnicas de recolha com a ajuda de redes.

Espécies a encontrar? A borboleta-do-medronheiro (Charaxes jasius) e a borboleta-acobreada (Lycaena Phlaeas), entre outras.

 

Borboleta-do-medronheiro (Charaxes jasius). Foto: Rui Félix

 

Quem for ao parque florestal pode ter também a sorte de deparar com a bonita imperador-azul (Anax imperator), a maior libélula da fauna portuguesa, que voa entre Junho e Agosto.

Ainda durante a tarde, vão procurar-se gafanhotos e grilos (15h00-17h00), tal como diferentes espécies de flores, herbáceas e insectos (16h00-18h00). Ao final da tarde, o tema dos líquenes e musgos está previsto para começar às 17h00 e prolongar-se até às 19h00.

 

 

Quanto aos mamíferos, vão ser uma das personagens principais do BioBlitz entre as 18h00 e as 20h00, já quase ao anoitecer, em paralelo com as aves nocturnas (19h00-21h00) e pouco antes dos morcegos (20h00-22h00).

Ao cair da noite, pode ser que se avistem ouriços-cacheiros, esquilos ou mesmo raposas, especialmente juvenis. O mais provável todavia é encontrarem-se espécies mais pequenas, como os ratinhos-do-campo.

Nos ares ou em cima de uma elevação, pode ser que espreite uma coruja-das-torres ou um mocho-galego.

Nas horas finais desta “aventura”, o destaque irá para as borboletas nocturnas, que vão ser o ponto alto das observações entre as 21h00 e as 23h00.

Durante o BioBlitz, vai ser criado o utilizador com o nome BioBlitz Lisboa dentro do site da Associação Biodiversity4All, explicou ainda Cristina Luís. Assim, quem participar vai poder registar as espécies encontradas de duas formas diferentes: através da aplicação Obsmapp, específica para o sistema Android, ou então em folhas de registo em papel, com informação que no local vai ser passada para o site da Biodiversity4All.

Quem preferir saber desde logo os resultados finais do dia, vai receber essa informação entre as 22h00 e a meia-noite, ainda no parque florestal.

[divider type=”thin”]Para saber mais, pode consultar o programa completo do BioBlitz Monsanto e ficar a conhecer outras iniciativas da Noite Europeia dos Investigadores 2015.

O BioBlitz Monsanto 2015 é uma iniciativa do projecto Noite Europeia dos Investigadores 2015, numa parceria com o Centro de Ecologia, Evolução e Alterações Ambientais (cE3c), Biodiversity4All, Tagis – Centro de Conservação das Borboletas de Portugal e a Sociedade Portuguesa de Botânica.

Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.

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