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Erva-das-Pampas (Cortaderia selloana). Foto: Forest & Kim Starr/Wiki Commons

Semana sobre Espécies Invasoras está de volta e traz mais de 300 actividades

06.05.2024

São mais de 300 as actividades para celebrar a Semana sobre Espécies Invasoras, que está de volta de 4 a 12 de Maio. O objectivo é ficar a saber mais sobre esta ameaça e como ajudar a prevenir e a controlar estas espécies.

“As espécies exóticas invasoras são umas das principais ameaças à conservação da biodiversidade do planeta, além de causarem alarmantes impactes económicos na saúde humana. Apesar disso, tanto as espécies invasoras como os seus impactes e medidas de prevenção continuam a ser pouco conhecidas”, escrevem os organizadores em comunicado.

De 4 a 12 de Maio decorrem um pouco por todo o país, e também em Espanha, mais de 300 actividades nesta que é a 4ª edição do evento.

Em Portugal, a Semana sobre Espécies Invasoras é promovida pela Rede InvECO – Rede Portuguesa de Estudo e Gestão de Espécies Invasoras, associada à Sociedade Portuguesa de Ecologia (SPECO), e pela Plataforma INVASORAS.PT, que inclui investigadores do Centre for Functional Ecology do Departamento de Ciências da Vida da Universidade de Coimbra e do Centro de Recursos Naturais, Ambiente e Sociedade da Escola Superior Agrária do Instituto Politécnico de Coimbra.

Mas o evento conta ainda com os projetos LIFE STOP Cortaderia e LIFE INVASAQUA e o Grupo Especialista em Invasiones Biólogicas (GEIB), que coordenam a organização em Espanha, e com a colaboração de mais de 180 entidades de ambos os países.

Os eventos acontecem em muitas localidades dos dois países e através de eventos “online”.

A iniciativa conta com mais de 180 entidades inscritas que organizam mais de 300 atividades. Estão programadas, por exemplo, ações de controlo com voluntários, palestras de divulgação, percursos interpretativos, seminários online e campanhas nas redes sociais. As várias atividades estão disponíveis numa plataforma online – em português e espanhol – onde o registro de novas atividades continua aberto: https://www.speco.pt/inveco/sei 

Entre as entidades participantes destacam-se municípios, centros de investigação, ONGA, universidades e institutos politécnicos, projetos europeus, empresas, centros educativos, museus e várias outras entidades de âmbito público e privado.

As espécies exóticas invasoras são uma das principais causas de perda de biodiversidade a nível global, sendo as outras a destruição direta de habitats, a contaminação e a sobre-exploração de recursos.

“A introdução destas espécies, de forma intencional ou não, está diretamente ligada às atividades humanas. Uma das principais vias de introdução é o transporte de mercadorias por terra e mar de um extremo ao outro do planeta, como ocorre com o mexilhão-zebra; ou por interesse recreativo, como ocorre com a caça e a pesca, como é o caso do siluro; ou ornamental, como é o caso de muitas plantas utilizadas em jardinagem, como a erva-das-Pampas.” 

Os organizadores sublinham que “as espécies invasoras, no entanto, não afetam apenas a natureza, mas promovem impactes económicos derivados da sua gestão, assim como perda de rendimentos, por exemplo, a vespa-asiática que diminui a produção de mel, o mexilhão-zebra que afeta as infraestruturas hidráulicas, o jacinto-de-água que diminui a utilização de água ou as acácias que surgem frequentemente nas áreas de produção florestal”.

Também há que ter em conta os impactes na saúde humana, devido à transmissão de doenças, como no caso do mosquito tigre, ou da alergia que algumas espécies produzem, como o pólen das ervas-das-Pampas ou das acácias e mimosas. 

A sinergia entre entidades portuguesas e espanholas na organização deste tipo de evento de grande alcance é essencial para envolver o maior número e diversidade possível de participantes e entidades. Só assim será possível desenvolver a consciência coletiva de que todos somos responsáveis pela prevenção e mitigação dos impactes promovidos pelas invasões biológicas.

A Rede InvECO – Rede Portuguesa de Estudo e Gestão de Espécies Invasoras é uma Rede recente, fundada no final de 2020, associada à SPECO, que pretende reunir numa mesma plataforma investigadores e outros atores da sociedade que lidem com espécies exóticas e invasoras (e.g., autarquias; associações florestais, de ambiente, e outras; empresas e proprietários privados; ONGA, comunidades escolares; agências governamentais de conservação e ambiente; comunicação social; etc.), promovendo a partilha de conhecimentos e experiências, de forma a conjugar esforços e interesses rumo a uma melhor gestão integrada das espécies exóticas invasoras a nível nacional.

A Plataforma INVASORAS.PT é um laboratório de investigação que inclui investigadores principalmente do Centre for Functional Ecology do Departamento de Ciências da Vida da Universidade de Coimbra e do Centro de Recursos Naturais, Ambiente e Sociedade da Escola Superior Agrária do Instituto Politécnico de Coimbra e existe desde 2013. Tem como objetivo alertar para o problema das invasões biológicas, dar a conhecer as plantas invasoras a nível nacional e estimular a participação ativa do público no mapeamento destas espécies e em atividades de controlo e divulgação. Esta Plataforma organizou , em 2020, a nível nacional a primeira semana dedicada ao tema.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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