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Foto: Joana Bourgard / Wilder

Estes são os 15 censos de Natureza que estão à sua espera

Esta é uma lista com os 15 melhores projectos que precisam dos cidadãos para inventariar as espécies de Portugal. Ajude a mapear e a conhecer melhor a Natureza que temos, desde os esquilos, corujas, águias-imperiais-ibéricas, musgos, medusas ou milhafres até aos charcos, plantas exóticas invasoras e estrelas-do-mar. Falámos com os responsáveis pelos projectos e eles estão ansiosos à sua espera.

 

Foto: Hansueli Krapf/Wiki Commons

Milhafre-Real invernante

O milhafre-real (Milvus milvus) é uma das aves de rapina mais ameaçadas de Portugal, com uma população reprodutora Criticamente Em perigo (CR) e uma população invernante Vulnerável (VU), com efectivos oriundos do norte da Europa. Este censo realizou-se pela primeira vez em 2015 e os trabalhos repetem-se este ano em 15 países europeus. Em Portugal, as contagens começaram a 14 de Janeiro mas prolongam-se até este domingo, dia 22. Se estiver interessado em participar, ainda vai a tempo: pode contactar a Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA) e colocar quaisquer dúvidas através do email de Julieta Costa ([email protected]), assistente do Departamento de Conservação Terrestre. O censo em território português é organizado pela SPEA, Liga para a Protecção da Natureza (LPN), Associação Transumância e Natureza, Centros de Estudos da Avifauna Ibérica (CEAI), Quercus e Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF).

 

Foto: Tauri Pärna

Grous

Realiza-se no Alentejo, única região que esta ave escolhe em Portugal como zona de invernada. A primeira fase das contagens já decorreu, mas ainda vai a tempo de tomar parte na segunda fase, que se realiza a partir desta sexta-feira, dia 20 de Janeiro, e termina na segunda-feira, 22. As contagens são feitas ao final da tarde, em local a combinar com a SPEA, e o melhor contacto é o de Carlos Miguel Cruz (96.809.23.53). A associação apela à participação de observadores já com experiência, que podem também ser acompanhados por pessoas menos experientes. O último censo de grous, em 2016, contabilizou cerca de 8.000 aves na planície alentejana, um valor considerado dentro do normal. As contagens foram feitas por pessoas da SPEA, mas também da LPN, CEAI e ICNF.

 

Ilustração: Helena Geraldes (Aguarela)

Arenaria

Este projecto, que decorre até 31 de Janeiro, é ideal para quem gosta de passear pela praia no Inverno, uma vez que se destina à contagem de aves costeiras. “Consiste em dar um passeio ao longo da costa […] e ir contando pilritos-das-praias, rolas-do-mar e outras aves que por ali se observem”, explica a SPEA, numa nota divulgada sobre os censos de Inverno. Os locais de observação são definidos antecipadamente, em contacto com a equipa de organizadores deste censo, que teve a sua primeira edição na época de Inverno de 2009/2010. Além da SPEA, são parceiros o Museu Nacional de História Natural e da Ciência e a Unidade de Investigação de Eco-Etologia, ligada ao ISPA (Instituto Universitário de Ciências Psicológicas, Sociais e da Vida).

 

Foto: SPEA

Contagens de aves no Natal e Ano Novo

Começam antes do Natal e prolongam-se até 31 de Janeiro. O objectivo é estimar as populações das aves invernantes nos campos agrícolas de Portugal, registando todas as aves não-passeriformes que avistar, como picanços, corvídeos ou noitibós.  Quem for para o campo nesta altura, pode contactar a SPEA e acordar o estabelecimento de um percurso de contagem através email. Pode obter mais informações sobre o projecto, na página das Acções de Campo da associação.

 

Foto: Cervas

Noctua

O Noctua é uma iniciativa do Grupo de Trabalho sobre Aves Nocturnas da SPEA, constituído por voluntários, e que tem como objectivo aprofundar os conhecimentos e promover a conservação de mochos, corujas e noitibós em Portugal. Realiza-se entre 1 de Dezembro e 15 de Junho, e quem quiser participar pode enviar uma mensagem à organização ([email protected]). Os trabalhos começaram na época de 2009/2010 e a análise dos dados recolhidos já permitiu aos investigadores algumas conclusões sobre a situação das aves nocturnas. Assim, a coruja-das-torres, o mocho-d’orelhas, o mocho-galego e o alcaravão “apresentam declives negativos, que podem indicar uma tendência de regressão a longo prazo”, informava o último relatório do Noctua, divulgado em Dezembro passado. Já as expectativas quanto à evolução do bufo-real, coruja-do-mato e duas espécies de noitibó são mais positivas.

 

Fotografia: Joana Bourgard
Foto: Joana Bourgard

Coastwatch 2016/2017

Torne-se um “vigilante da costa” portuguesa e inscreva-se na campanha Coastwatch a decorrer de Setembro de 2016 a Abril de 2017. Para participar é preciso aceder ao site do projecto para escolher o troço de 500 metros do litoral de Portugal Continental, Açores e Madeira que pretende monitorizar e inscrever-se. Depois é só fazer a saída de campo, de preferência na maré-baixa, e estar atento à biodiversidade e às ameaças que encontrar. Os dados que recolher devem ser introduzidos num questionário, a enviar para os coordenadores do Coastwatch, coordenado pelo GEOTA (Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e do Ambiente). No ano passado, mais de 3.000 portugueses de todas as idades patrulharam 10% do território costeiro português. Saiba mais sobre o que foi feito na campanha anterior.

 

Foto: Rhalah

GelAVista

Aumentar o conhecimento científico e da população em geral sobre os organismos gelatinosos na costa portuguesa, incluindo espécies como a caravela-portuguesa, é o objectivo deste projecto que apela aos cidadãos para relatarem o avistamento de medusas, incluindo o envio de fotografias. Em troca, recebem informação sobre a espécie de que se trata e quais são as suas principais características. O ano de 2016 marcou o arranque do Gel Avista, coordenado por uma equipa do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA). Até Dezembro passado, o IPMA já tinha recebido relatos de 187 avistamentos.

 

Foto: Paulo Loureiro

Esquilo-vermelho

Este projecto, coordenado pela Unidade de Vida Selvagem, do Departamento de Biologia da Universidade de Aveiro, recorre aos cidadãos para obter mais dados sobre a presença do esquilo-vermelho em território português. Quem observar um esquilo ou encontrar vestígios como ninhos e pinhas roídas, pode partilhar essa informação na página d’O Esquilo Vermelho em Portugal no Facebook, incluindo fotografias e vídeos. Em 2015, graças aos dados recebidos, a equipa de investigadores concluiu que o esquilo-vermelho já estava a chegar a novas regiões do país. Conheça algumas das conclusões.

 

Foto: Invasoras.pt
Azedas. Foto: Invasoras.pt

Invasoras

Até Abril, as azedas e as acácias – espécies exóticas invasoras – estão em flor, sendo mais fáceis de encontrar. Por isso, o Invasoras.pt, plataforma que está a mapear as espécies exóticas invasoras em Portugal, pede a sua ajuda para registar onde estas ocorrem. As azedas são fáceis de encontrar mas para distinguir as mais de 10 espécies de acácias que ocorrem no país pode consultar aqui um guia simples de identificação. Em Portugal estima-se que existam cerca de 670 espécies exóticas, desde árvores a flores e arbustos. Além das azedas e das acácias, as suas observações das outras invasoras listadas no site é muito bem-vindo. Numa das últimas campanhas do projecto, lançada em Setembro de 2016, os cidadãos ajudaram a pôr no mapa cerca de 200 registos de erva-das-pampas, disse-nos hoje Hélia Marchante, investigadora na Universidade de Coimbra e no Instituto Politécnico de Coimbra e uma das responsáveis pelo Invasoras.pt.

 

 

Foto: Wilder/Arquivo

Monitorização de Aves Aquáticas na margem Norte do Estuário do Sado

Todos os meses, ao sábado, pode contar as aves aquáticas na margem Norte do Estuário do Sado (entre as Praias do Sado e o Zambujal), num projecto de voluntariado que existe há oito anos, organizado pela empresa Birds & Nature. Entre outras coisas procura-se saber quais as aves que utilizam este estuário e quais as principais zonas onde se concentram. Segundo dados divulgados à Wilder, em 2016 foram contadas mais de 32.500 aves aquáticas de 49 espécies, como por exemplo milherangos, alfaiates, garças, flamingos, colhereiros, íbis, corvos-marinhos, mergulhões, gaivotas e andorinhas-do-mar. A última contagem aconteceu a 14 de Janeiro. As contagens de 2017 já estão marcadas. As próximas vão acontecer a 11 de Fevereiro, 11 de Março e 29 de Abril. Para participar, basta contactar a organização deste projecto ([email protected]). Depois, será encaminhado para uma das cinco equipas que irá contar os refúgios que lhe estão atribuídos. O período de contagem é de duas horas, o mais próximo possível do pico de maré.

 

Rã-verde. Foto: Wilder/Arquivo

Inventário de charcos em Portugal

Um charco pode ter mais espécies do que um rio e há muitos animais e plantas que estão totalmente dependentes deles para sobreviver. Os charcos providenciam habitat e alimento para dezenas de espécies de invertebrados, anfíbios, répteis, aves, mamíferos e plantas aquáticas. Ajude a saber quantos charcos existem no país e em que locais, registando as suas observações neste mapa. Até agora, o mapa deste projecto tem inventariados 1.886 charcos por todo o país.

 

Foto: Rui Félix/Rede de Estações da Biodiversidade

Estações da Biodiversidade

Por todo o país há 29 Estações da Biodiversidade a funcionar e a precisar dos seus registos sobre as espécies que por ali vivem. Estas estações são percursos pedestres curtos, com um máximo de três quilómetros, sinalizados no terreno com nove painéis informativos em madeira. Estes têm um mapa e informações sobre 40 a 50 espécies emblemáticas e comuns que os visitantes podem observar. Além de passear na natureza pode registar todas as espécies que encontrar e enviar essa informação para uma plataforma científica nacional, o Biodiversity4all. Estará a participar na inventariação e monitorização da biodiversidade daquele local. Leia aqui o que podem os cidadãos fazer nas Estações da Biodiversidade.

 

Foto: Wilder/Arquivo

Musgos e líquenes

Ajude a aumentar o conhecimento que temos sobre os musgos e líquenes que ocorrem em Portugal, neste projecto de ciência cidadã com base na plataforma Biodiversity4all. Envie as suas fotografias para este site, onde poderá ainda encontrar três guias para o ajudar a identificar líquenes e briófitas (vulgarmente conhecidas como musgos). Este projecto conta com a colaboração de investigadores do CIBIO-InBIO – Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos. De acordo com a informação do projecto, “num tufo do tamanho da palma da sua mão poderão estar até cinco espécies diferentes de musgos ou líquenes, entre elas espécies ameaçadas, vulneráveis, ou mesmo em risco de extinção e protegidas pela Legislação Nacional e Europeia ou em Livros Vermelhos”.

 

Águia-imperial-ibérica. Foto: Juan Lacruz/Wiki Commons
Águia-imperial-ibérica. Foto: Juan Lacruz/Wiki Commons

À procura da águia-imperial-ibérica

Ajude a equipa do projecto LIFE Imperial – Conservação da águia-imperial-ibérica em Portugal (Julho de 2014 a Dezembro de 2018) a saber mais sobre esta ave de rapina (Aquila adalberti). Precisa apenas de preencher um formulário disponível aqui com o local onde fez as suas observações, a data, o número de águias que conseguiu observar, o seu comportamento e se estavam marcadas (com anilha ou emissor). Esta é uma das aves de rapina mais ameaçadas da Europa e está entre as mais raras do mundo. O projecto, coordenado pela Liga para a Protecção da Natureza (LPN), dedica-se à conservação e ao aumento da população desta espécie Criticamente em Perigo. Aqui pode saber mais sobre o novo guia para o ajudar a identificar a águia-imperial-ibérica nas diferentes fases de desenvolvimento.

 

Foto: Wilder/Arquivo

Sea-stars watching

Não se trata propriamente de um censo, pois aqui o objectivo é avaliar acima o estado de saúde das estrelas-do-mar em águas portuguesas. Tudo começou devido a uma doença que está a matar as estrelas-do-mar nos Estados Unidos, conhecida por densovírus que, para já, não foi observada em Portugal. No entanto, os cientistas nacionais preferem estar atentos e estão a desenvolver uma plataforma para registar possíveis casos da doença, e para isso pedem a colaboração de todos. O Sea-stars Watching pede fotografias das estrelas-do-mar, com escala, o registo da profundidade (no caso de ser mergulho, mas também pode fazer registos em passeios durante a maré-baixa pelo intertidal rochoso), local e data da observação. O projecto resulta de uma colaboração entre o Departamento de Ecologia Marinha do Centro Português de Actividades Subaquáticas com Joana Micael, investigadora no Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos da Universidade dos Açores.

 

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