O calor instalou-se finalmente no Jardim Gulbenkian, em Lisboa, e a actividade frenética dos dias primaveris faz parte do passado. Mas bastam olhos e ouvidos atentos para encontrar sinais de actividade. Há aves juvenis a aprender a ser independentes, cigarras macho a atrair as fêmeas ou morcegos a caçar insectos ao final da tarde.
Bandos de andorinhões-pretos (Apus apus):
Nos dias de Verão, os andorinhões-pretos sobrevoam em bando as árvores do Jardim Gulbenkian. São mais fáceis de avistar (e de ouvir) ao entardecer, tanto aqui como noutros locais de Lisboa e noutras localidades portuguesas. As crias de andorinhão saíram do ninho e estão a treinar o voo, a preparar-se para o regresso a África que acontecerá lá para setembro ou outubro. Algumas chegam a voar 20.000 quilómetros durante as migrações. Os andorinhões passam praticamente toda a sua vida a voar – até quando dormem! Também em Lisboa e noutras povoações se pode encontrar o andorinhão-pálido, difícil de distinguir do primeiro, mas com uma plumagem mais pálida e a mancha esbranquiçada do mento (zona por baixo do bico) mais extensa, diz-nos João E. Rabaça no livro “As Aves do Jardim Gulbenkian”.
Juvenis da galinha d’água (Gallinula chloropus):
São as patas verdes típicas da galinha d’água que ajudam a identificar os juvenis desta espécie, que se conseguem observar em passeio durante o verão, mesmo quando o calor é muito e mais nada no jardim parece mover-se. Ao contrário das galinhas d’água adultas, as crias não ganharam ainda outras características que as distinguem como espécie, pois são geralmente acastanhadas e falta-lhes a típica mancha vermelha e amarela na face e no bico. Pode vê-los acompanhados quase sempre pelos progenitores.
A sinfonia das cigarras:
A par dos gritos estridentes dos andorinhões, este é um dos melhores sinais de que estamos no verão. A sinfonia das cigarras pode ouvir-se em pleno nas horas de maior calor. Num passeio pelo Jardim Gulbenkian há inúmeras oportunidades para as escutar. O som que ouvir são os machos a contrair músculos que fazem vibrar umas membranas especiais, chamadas tímbalos. As fêmeas são silenciosas. Esta é a estratégia desta espécie tanto para atrair as fêmeas como para afastar predadores. Em Portugal estão registadas 13 espécies de cigarras, algumas bastante raras, e cada uma produz um som diferente.
Pode saber mais sobre estes animais com o projecto “Cigarras de Portugal – insectos cantores”. Esta iniciativa lançada por um grupo de investigadores quer promover a participação do público na monitorização anual das populações de cigarras.
Acrobacias de morcegos:
Ao final da tarde, pouco antes de escurecer, os morcegos chegam aos céus da cidade. Apesar de não os conseguir ouvir, os morcegos são habitantes comuns de parques e jardins. A sua silhueta é inconfundível.
Procure estes magníficos mamíferos voadores olhando para cima, para a copa das árvores. Não será difícil distingui-los em voo, em acrobacias enquanto se alimentam de minúsculos insectos. Por noite, cada morcego pode consumir o equivalente a mais de metade do seu peso. São preciosos aliados quer nos campos, quer nas cidades. Em Portugal estão registadas 27 espécies de morcegos.
Jóias vermelhas entre a vegetação
Se passear junto aos pequenos lagos do Jardim Gulbenkian, em dias de Sol, esteja atento às libélulas-escarlate (Crocothemis erythraea). O seu vermelho vivo, contrastando com os tons de verdes da vegetação, torna-as fáceis de observar.
Segundo Albano Soares, entomólogo do Tagis – Centro de Conservação das Borboletas de Portugal, esta é uma das libélulas mais comuns do país. É uma espécie muito resistente às elevadas temperaturas do ar e mesmo da água. Por isso pode procurá-la mesmo às horas de maior calor.
[divider type=”thick”]Agora é a sua vez.
Quantas destas sugestões consegue encontrar? O desafio é fotografar ou desenhar as aves aquáticas que observar e partilhar as suas imagens connosco, enviando para [email protected]. Iremos publicar as melhores na Wilder.
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