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Cria de urso-pardo Alba. Foto: Principado das Astúrias

Resgatada nas Astúrias cria de urso-pardo com três meses

15.04.2025

Os técnicos da divisão do Medio Rural do governo das Astúrias resgataram uma cria de urso-pardo com três meses depois de terem fracassado as várias tentativas para um reencontro com a sua mãe, anunciaram ontem as autoridades.

O resgate da cria de urso-pardo (Ursus arctos), que tinha 2.090 gramas de peso, aconteceu no fim-de-semana passado na região de Teverga, “depois de se constatar que não era possível um reencontro com a sua mãe em condições de segurança”.

Cria de urso-pardo Alba. Foto: Principado das Astúrias

O animal, que recebeu o nome de Alba, tinha sido encontrado na quarta-feira da semana passada por agentes daquela divisão ambiental, no âmbito do programa de seguimento de fêmeas de urso-pardo com crias. Então foi activada a vigilância continuada, com o objectivo prioritário de favorecer uma aproximação natural entre a mãe e a cria.

Como medida preventiva, e dado que a progenitora estaria nas proximidades, o Principado das Astúrias suspendeu de forma imediata o acesso aos trilhos pedestres e às zonas de escalada da zona.

Mas o reencontro entre cria e mãe não aconteceu de forma espontânea. Por isso, o Serviço de Vida Selvagem e o Serviço de Emergências do Principado (Sepa) avaliaram a possibilidade de propiciar uma aproximação assistida.

Contudo, esta opção foi descartada pelo elevado risco para o animal e para as equipas intervenientes, dado o relevo escarpado do terreno e a necessidade de evitar interferências no comportamento natural do grupo familiar.

Cria de urso-pardo Alba. Foto: Principado das Astúrias

Ao mesmo tempo foram accionados meios técnicos, incluindo um drone com câmara térmica, para tentar localizar de novo a cria sem invadir a zona. Nenhuma destas alternativas teve êxito.

A localização definitiva aconteceu na madrugada de sábado, graças à comunicação da Fundación Oso Pardo. Então, um agente da divisão de Ambiente procedeu à recolha da cria, dado o risco crescente de desidratação. Alba foi levada para uma clínica veterinária em Oviedo/Uviéu, onde se confirmou que não tinha doenças nem feridas.

No domingo voltou-se a avaliar tecnicamente a possibilidade de um reencontro com a mãe, que foi mais uma vez descartada por razões de segurança. Optou-se por levar a cria para o Centro de Recuperación de Fauna Silvestre de Cantabria, especializado no cuidado a crias de urso-pardo em condições controladas, onde se evita o contacto humano ao mesmo tempo que se garante uma vigilância contínua.

A decisão foi tomada de forma consensual por técnicos do Serviço de Vida Selvagem, pelo Servicio de Agentes del Medio Natural, pela Fundación Oso Pardo, Fundación Oso Asturias e investigadores do Instituto Mixto de Investigación en Biodiversidad del Consejo Superior de Investigaciones Científicas (IMIB-CSIC).

O futuro de Alba ainda não está decidido. Em cima da mesa está a sua reintrodução na zona oriental das Astúrias como reforço genético, o que ajudaria a melhorar a sobrevivência da espécie na zona.

Urso-pardo. Foto: neusitas/Wiki Commons

Em Espanha, o urso-pardo é considerado Em Perigo de extinção e os seus números estão atualmente a recuperar, depois de um longo processo de declínio que durou até aos finais do século XX e levou a espécie quase ao desaparecimento. Existem hoje ursos nas Astúrias, na Cantábria, numa pequena parte da Galiza (Lugo), em duas províncias de Leão e Castela e ainda nos Pirenéus.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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