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Tartaruga devolvida ao mar ao largo de Peniche

07.06.2016

Uma tartaruga marinha da espécie Caretta caretta foi devolvida ontem ao oceano, ao largo de Peniche, depois de ter sido encontrada numa rede de pesca e de vários dias no Centro de Reabilitação de Animais Marinhos de Quiaios.

 

A tartaruga-boba (Caretta caretta) era um macho com 49 quilos e cerca de um metro de comprimento. Pelo tamanho da carapaça, teria entre 20 a 25 anos de idade. A 5 de Maio foi encontrado por pescadores emalhado numa rede no rio Tejo, junto a Vila Franca de Xira. “Foram os pescadores que, preocupados, recolheram o animal e contactaram a Polícia Marítima de Lisboa”, disse esta tarde à Wilder Marisa Ferreira, coordenadora do Centro, na Figueira da Foz.

 

Foto: CRAM-Q
Foto: CRAM-Q

 

De alguma forma, esta tartaruga surpreendeu a equipa. “Nunca tínhamos recebido uma tartaruga deste tamanho, um adulto; os animais que aparecem são juvenis”, acrescentou. Ainda se desconhecem as razões de ter vindo ao rio Tejo.

 

Foto: Cram-Q
Foto: Cram-Q

 

Segundo Marisa Ferreira, a equipa fez várias análises à tartaruga e um Raio-X para conhecer o seu estado de saúde. “Como o animal esteve preso em redes de pesca poderia ter inalado água, havendo o risco de uma pneumonia”, acrescentou. Ainda durante os exames, a equipa do centro descobriu parte de um anzol alojado no organismo desta tartaruga, que já lá estaria há vários anos.

Depois de várias semanas de reabilitação num tanque do centro, a equipa decidiu que a tartaruga estava pronta para regressar ao oceano, o que aconteceu ontem ao largo de Peniche, a bordo da embarcação “SV Vigilante” e com o apoio do Porto de Peniche.

 

Foto: Cram-Q
Foto: Cram-Q

 

A tartaruga foi libertada com um dispositivo de seguimento por satélite que permitirá avaliar o sucesso da reabilitação e estudar as suas rotas de deslocação.

Actualmente vivem no centro quatro tartarugas, todas da mesma espécie Caretta caretta. Uma delas foi encontrada em redes de pesca por pescadores e as outras três deram à costa. “A primeira é uma tartaruga mais pequena e só estamos à espera que a temperatura da água do mar aumente um pouco para a libertar, o que deve acontecer dentro de cerca de um mês”, adiantou a responsável.

As restantes têm situações mais complicadas. “Chegaram em Abril, muito magras e com vários ferimentos, que levam tempo a sarar.”

Não se sabe ao certo o que fazem as tartarugas marinhas das águas portuguesas nem quais as suas rotas migratórias. Estes animais não se reproduzem em Portugal, mas há colónias reprodutoras no Mediterrâneo, Cabo Verde, costa africana e costa das Américas. “Sabemos que as nossas águas são importantes para estes animais. Muito provavelmente fazem parte das suas rotas migratórias ou são zonas de alimentação”, adiantou Marisa Ferreira.

 

[divider type=”thick”]Agora é a sua vez.
Se algum dia encontrar uma tartaruga na praia, saiba que alguma coisa de errado se passa. Segundo explicou Marisa Ferreira, as tartarugas só vão às praias para nidificar; uma vez que não se reproduzem em Portugal, se encontrar alguma nem pense em tentar devolvê-la ao mar. O mais certo é ter algum problema.

A coordenadora do centro aconselha-o a contactar a Polícia Marítima local ou algum dos centros de recuperação de animais selvagens. Este é o número de alerta de arrojamento: 91.96.18.705 mas pode encontrar toda a informação sobre o que fazer aqui.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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