Foto: Hugo Amador

Já são conhecidos os vencedores do concurso de fotografia TotalEnergies, em Vouzela

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Os vencedores da 14ª edição do concurso TotalEnergies – Fotógrafo de Natureza do Ano foram anunciados na noite desta sexta-feira, na abertura do festival Insitu. Fique a conhecer também algumas das histórias e fotógrafos das imagens premiadas.

Na edição deste ano participaram 125 fotógrafos, com um total de 2041 fotos submetidas. O prémio de Fotógrafo de Natureza do Ano foi atribuído a Tiago Mateus, por uma fotografia que retrata um corvo-marinho a norte do Cabo Sardão, na zona do Litoral Alentejano e Costa Vicentina. A mesma imagem ganhou o primeiro lugar na categoria de Aves. 

O vencedor principal desta edição arrecada 1500 euros, parte de um montante de quase 4000 euros repartidos pelos primeiros lugares de cada categoria, além de material fotográfico para os segundos lugares. Foram ainda atribuídas várias menções honrosas.

O juri, constituído pelo mexicano Alejandro Prieto, o belga Michel d’Oultremont e o português Ricardo Lourenço, teve a tarefa de encontrar as melhores fotos nas oito categorias a concurso: Paisagem; Aves; Mamíferos; Flora e Fungos; Répteis e Anfíbios; Peixes e Invertebrados; Arte Fotográfica; Parque Natural Local Vouga Caramulo – Vouzela.

Fique a conhecer as imagens vencedoras do concurso, que até ao final de fevereiro ficam em exposição no Museu Municipal de Vouzela.

Fotógrafo de Natureza do Ano e Categoria Aves

Fotógrafo de Natureza do Ano e primeiro lugar na categoria Aves. Foto: Tiago Mateus

Em entrevista à Wilder, Tiago Mateus, 43 anos, explicou que para si a arte de fotografar é “uma grande paixão”, que lhe “consome o pouco tempo que resta fora do trabalho como engenheiro de materiais.”

Da parte do júri do concurso, Alejandro Prieto considera que se trata de uma imagem “com muita força, uma imagem muito dinâmica, perfeitamente balanceada e com uma grande composição”. “A explosão da água ao chocar com as pedras deixando a silhueta em primeiro plano da ave perfeitamente alinhada e contrastada dão-lhe um toque extra de beleza à nossa imagem vencedora.”

Já para o fotógrafo português Ricardo Lourenço, outro dos membros do júri, o que mais chama a atenção “é a forma minimalista como este corvo-marinho é retratado”. “O fotógrafo optou, e bem, por dar ênfase ao ambiente que o rodeia. A paisagem agreste e ‘áspera’ revela muito sobre a resiliência da espécie.”

Categoria Flora e Fungos

Primeiro lugar na categoria Flora e Fungos. Foto: Hugo Amador

Esta imagem ilustra um pormenor das lâminas de um cogumelo da espécie Macrolepiota procera, que chamaram a atenção de Hugo Amador devido à sua textura, contou à Wilder o autor da imagem, de 43 anos.

O vencedor desta categoria, que trabalha desde sempre como vendedor na área da fotografia e tecnologia, gosta de fotografar paisagem, aves e mamíferos, mas é na fotografia macro que se sente mais confortável. “É uma vertente mais abrangente, que vai desde répteis, anfíbios, invertebrados, flora, fungos, temáticas onde posso ser mais criativo e onde, nos últimos anos, tenho sido mais feliz nos concursos de fotografia onde vou participando.”

Quanto aos comentários do júri, Alejandro Prieto destaca “a grande iluminação, os tons cálidos e a forma” presentes nesta imagem. Já Ricardo Lourenço nota o “padrão ondulado, que remete para a simplicidade, utilizando muito bem os contrastes entre os tons quentes e tons frios”.

Categoria Peixes e Invertebrados

Primeiro lugar na categoria Peixes e Invertebrados. Foto: Hugo Amador

Hugo Amador captou esta imagem no Parque de Lazer de Nossa Senhora de Valinhas, em Santo Tirso, entre outubro e novembro do ano passado, tal como a fotografia com que venceu na categoria Flora e Fungos.

Neste caso, descreve, a foto retrata “uma pequena aranha que procura abrigo e um possível alimento nas pétalas de um exemplar de açafrão-bravo (Crocus serotinus), espécie endémica da Península Ibérica”. 

Quanto às técnicas a que recorreu, para além da câmara e objetiva macro, utilizou um filtro de gel colorido no “flash” para iluminar esta fotografia e também a foto do cogumelo. No caso desta imagem do açafrão-bravo, explica que usou ainda um borrifador com água.

Alejandro Prieto, membro do júri, considera que o equilíbrio de cores ficou “estupendo”. “A água que banha a planta, as gotas de água e sobretudo a iluminação são pontos muito fortes que fizeram desta imagem a vencedora desta categoria”, descreve, destacando ainda “a cereja em cima do bolo, que é a pequena aranha localizada de forma perfeita na imagem.” Para Ricardo Lourenço, é precisamente “a pequena aranha que passa quase despercebida” que mais desperta curiosidade.

Categoria Parque Natural Local Vouga Caramulo – Vouzela

Primeiro lugar na categoria Parque Natural Local Vouga Caramulo – Vouzela. Foto: Pedro Esteves

Pedro Esteves, 48 anos, dedica-se à fotografia de paisagem e natureza desde 2008, atividade que o ocupa em exclusivo. “Esta fotografia foi tirada na cascata Bica da Água d’Alta, na Serra do Caramulo, no início de Dezembro do ano passado”, descreve. “Ia com a ideia de criar uma imagem de um pormenor/detalhe da cascata mas ao reparar nas folhas que estavam na água, na base da cascata, decidi incluir isso na imagem e tentar dar a noção de movimento das folhas na água.”

Para eliminar os reflexos, utilizou um polarizador. Recorreu igualmente a um tripé. “Fiz várias imagens com diferentes tempos de exposição até obter o resultado pretendido, porque queria dar a noção de movimento das folhas.”    

Da parte do júri, Alejandro Prieto comenta que o fotógrafo, “ao utilizar a técnica de velocidade lenta, deu muita dinâmica a esta imagem, perfeitamente equilibrada quanto a cores e também à excelente iluminação”.

Ricardo Lourenço destaca a imagem “composta por três elementos, a rocha inerte, o movimento da queda da água e o redemoinho criado naquela, composto por folhas outonais que dão cor” à fotografia.

Categoria Arte Fotográfica

Primeiro lugar na categoria Arte Fotográfica. Foto: Nuno Cabrita

“Um primeiro lugar muito merecido, que mostra uma perspetiva muito distinta ao fotografar aves no seu meio ambiente, e uma fotografia também muito dinâmica”, afirma Alejandro Prieto, que destaca “esse extra de ter capturado o momento exato de um flamingo ao abrir as suas lindas asas rosas no meio de um bando.”

Já para Ricardo Lourenço, esta imagem “pouco comum” de um bando de flamingos vistos de cima é especial devido à “ação promovida por um dos flamingos, que quebra a harmonia do grupo”.

Categoria Paisagem

Primeiro lugar na categoria Paisagem. Foto: Marco Neves

“Incríveis e diferentes formas nesta imagem, uma iluminação natural perfeita e além do mais uma perspetiva única”, comenta Alejandro Prieto. Ricardo Lourenço aponta o facto de ser “uma imagem tripartida em texturas distintas, que se complementam por uma certa horizontalidade das linhas, o que torna a fotografia ainda mais interessante”.

Categoria Mamíferos

Primeiro lugar na categoria Mamíferos. Foto: Jorge Macedo

Para Alejandro Prieto, esta fotografa “representa perfeitamente o que é um animal selvagem no seu meio ambiente, a luz cálida que banha as plantas em contraste com as pedras escuras dão-lhe um toque mágico, somando-se a isso a posição perfeita de cada um dos babuinos na imagem.”

“As linhas oblíquas das rochas contrastam com as linhas verticais da vegetação”, comenta por sua vez Ricardo Lourenço, para quem o que mais chama a atenção “é o triângulo formado pelos próprios primatas”.

Categoria Répteis e Anfíbios

Primeiro lugar na categoria Répteis e Anfíbios. Foto: Nuno Cabrita

“Sem dúvida uma das minhas fotografias preferidas”, considera o fotógrafo mexicano Alejandro Prieto. “Muito mistério e misticismo, com o ‘blur’ da imagem que enfoca especificamente a cabeça da serpente, a harmonia de cores e também a calidez e suavidade da luz, fazem com que esta imagem seja uma justa vencedora.”

Por sua vez, Ricardo Lourenço nota que a imagem remete-nos “para o habitat da espécie, bem escondido, procurando lugares tranquilos e bem preenchidos pela vegetação envolvente”.

Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.

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