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Oceanos. Foto: Mobibit/Pixabay

Isabel Sousa Pinto preside comissão do Plano Nacional de Restauro da Natureza

12.12.2024

Investigadora do CIIMAR e da FCUP foi a escolhida para liderar a Comissão que vai monitorizar a evolução do Plano Nacional de Restauro da Natureza, que tem de estar concluído até Agosto de 2026.

 

A investigadora do Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental (CIIMAR) e professora da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP), Isabel Sousa Pinto, foi o nome escolhido para presidir à Comissão de Acompanhamento do Plano Nacional de Restauro, que tem como missão monitorizar a evolução do Plano e assegurar a discussão adequada desta temática.

A presença de Isabel Sousa Pinto nesta comissão acontece depois do envio de uma Carta Aberta em Novembro, promovida por um conjunto de investigadores do CIIMAR e subscrita por investigadores de todo o país, a apelar ao desenho de um Plano Nacional de Restauro que “não deixe o mar para trás” e que tenha em conta o mar e os recursos marinhos.

No seguimento da aprovação da Lei do Restauro, em junho de 2024, pelo Conselho da União Europeia, o Governo português está a avançar com os trabalhos para a elaboração do Plano Nacional de Restauro da Natureza. Para isso, selecionou especialistas que podem dar um contributo no seu desenho e implementação.

Segundo o despacho ministerial, publicado a 25 de outubro, o Plano Nacional de Restauro da Natureza deve estar concluído até 18 de agosto de 2026. Ou seja, a equipa liderada por Isabel Sousa Pinto terá cerca de um ano e meio para produzir este documento.

O Plano Nacional de Restauro da Natureza vai cumprir a meta com que Portugal se comprometeu, de restaurar um mínimo de 30% das áreas de habitats em condição desfavorável; a área a restaurar aumenta até 60% em 2040 e 90% em 2050. O nosso país deverá ainda assegurar que o estado de conservação da maioria destes habitats seja conhecido até 2040.

A percentagem de habitats marinhos em estado de conservação desfavorável em Portugal pode chegar aos 75%, segundo o Sistema de Informação sobre Biodiversidade para a Europa, e pode incluir pradarias de ervas marinhas, florestas de macroalgas, jardins de esponjas e corais e fontes hidrotermais.

Ainda esta semana uma equipa de investigadores alertou para o colapso provável das colónias de gorgónias-vermelhas no Mar Mediterrâneo por causa das ondas de calor marinhas.

Sobre Isabel Sousa Pinto

Investigadora Principal do Laboratório de Biodiversidade Costeira e membro da direção do CIIMAR e Professora Associada do Departamento de Biologia da FCUP, Isabel Sousa Pinto foi a representante de Portugal – via FCT (Fundação para a Ciência e Tecnologia) no Intergovernamental Panel on Biodiversity and Ecosystem Services (IPBES) entre 2013 e 2018. Esta plataforma das Nações Unidas dedica-se à produção e análise de informação que apoie a decisão política e legislativa nas áreas ligadas à biodiversidade.

Enquanto membro do IPBES, colaborou com mais de 500 especialistas de mais de 100 países num conjunto de estudos sobre a biodiversidade, os quais indicam que 42% das espécies animais e vegetais existentes na Europa diminuíram as suas populações na última década.

Em 2022, conquistou o Prémio Gulbenkian para a Humanidade. Membro da Academia Europeia das Ciências (EurASc) desde junho deste ano, co-lidera a MBON – Marine Biodiversity Observation Network, uma organização internacional de Observação do Oceano.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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