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Foto: Associação Veredas da Estrela

Projecto vai ensinar a criar territórios mais resilientes à perda da biodiversidade

30.10.2024

Durante 18 meses, o projeto europeu “De Monte a Monte – Territórios Resilientes” vai organizar atividades de formação sobre estratégias de gestão comunitária em prol de territórios mais resilientes às alterações climáticas e à perda de biodiversidade. 

O projecto começou com uma jornada na Serra da Nogueira sobre a gestão regenerativa de soutos de castanheiros, promovendo práticas adaptadas às mudanças climáticas e à preservação da biodiversidade.

Foto: Associação Veredas da Estrela

Esta iniciativa “reúne comunidades portuguesas e galegas em jornadas prático-teóricas, visitas de campo e formação em gestão florestal para criar territórios mais resilientes”, explicou, em comunicado, a Associação Veredas da Estrela. Cofinanciado pela União Europeia através do programa Erasmus+, o projeto tem duração de 18 meses e é coorganizado pela Associação Veredas da Estrela (Portugal), Fundação Montescola e Associação Verdegaia (Galiza, Espanha).

A 27 de outubro, uma saída de campo à Serra da Nogueira reuniu 30 participantes numa jornada de aprendizagem sobre práticas de gestão de soutos de castanheiros adaptadas aos desafios das alterações climáticas. Organizada pela Associação Veredas da Estrela, a visita teve como objetivo capacitar os participantes com conhecimentos práticos para a recuperação do souto que a associação está a restaurar após os incêndios de 2022 na Serra da Estrela.

A jornada focou-se na prevenção e no combate de doenças que afetam os castanheiros e em técnicas para aumentar a biodiversidade e a resiliência das florestas perante ameaças como os incêndios florestais. A ligação entre a biodiversidade e a diversidade alimentar, exemplificada pela presença de cogumelos na floresta, foi outro tema abordado. Deixar de fazer movimentações do solo para prevenir doenças e fomentar a presença de cogumelos micorrízicos foi uma das principais técnicas de gestão discutidas durante a visita.

Foto: Associação Veredas da Estrela

“A visita não nos forneceu apenas conhecimentos teóricos, mas também mostrou de forma direta e tangível como diferentes estratégias de gestão podem influenciar a saúde das árvores e de todo o ecossistema”, comentou Corinna Lawrenz, presidente da Veredas da Estrela. “No nosso Soito do Futuro, que estamos a restaurar após o incêndio de 2022, queremos contribuir tanto para a produção local de alimentos como para a diversidade dos ecossistemas, e esta partilha de conhecimentos foi muito valiosa para nós.”

Esta saída de campo, que contou com o apoio do Município de Gouveia, foi a primeira de 10 jornadas prático-teóricas do lado português da fronteira, após o arranque do projeto na Galiza a 20 de outubro, onde a primeira jornada explorou técnicas de infiltração de água numa área recentemente deseucaliptizada.

As atividades de formação teórico-prática continuarão até abril de 2026, explorando técnicas de gestão e promovendo o intercâmbio de experiências para fortalecer a resiliência ambiental e social das comunidades rurais.

Foto: Associação Veredas da Estrela

A próxima jornada terá lugar no Ribeiro (Ourense, Galiza), a 16 de novembro. O projeto é aberto ao público e oferece uma acreditação de formação aos participantes.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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