Durante 18 meses, o projeto europeu “De Monte a Monte – Territórios Resilientes” vai organizar atividades de formação sobre estratégias de gestão comunitária em prol de territórios mais resilientes às alterações climáticas e à perda de biodiversidade.
O projecto começou com uma jornada na Serra da Nogueira sobre a gestão regenerativa de soutos de castanheiros, promovendo práticas adaptadas às mudanças climáticas e à preservação da biodiversidade.
Esta iniciativa “reúne comunidades portuguesas e galegas em jornadas prático-teóricas, visitas de campo e formação em gestão florestal para criar territórios mais resilientes”, explicou, em comunicado, a Associação Veredas da Estrela. Cofinanciado pela União Europeia através do programa Erasmus+, o projeto tem duração de 18 meses e é coorganizado pela Associação Veredas da Estrela (Portugal), Fundação Montescola e Associação Verdegaia (Galiza, Espanha).
A 27 de outubro, uma saída de campo à Serra da Nogueira reuniu 30 participantes numa jornada de aprendizagem sobre práticas de gestão de soutos de castanheiros adaptadas aos desafios das alterações climáticas. Organizada pela Associação Veredas da Estrela, a visita teve como objetivo capacitar os participantes com conhecimentos práticos para a recuperação do souto que a associação está a restaurar após os incêndios de 2022 na Serra da Estrela.
A jornada focou-se na prevenção e no combate de doenças que afetam os castanheiros e em técnicas para aumentar a biodiversidade e a resiliência das florestas perante ameaças como os incêndios florestais. A ligação entre a biodiversidade e a diversidade alimentar, exemplificada pela presença de cogumelos na floresta, foi outro tema abordado. Deixar de fazer movimentações do solo para prevenir doenças e fomentar a presença de cogumelos micorrízicos foi uma das principais técnicas de gestão discutidas durante a visita.
“A visita não nos forneceu apenas conhecimentos teóricos, mas também mostrou de forma direta e tangível como diferentes estratégias de gestão podem influenciar a saúde das árvores e de todo o ecossistema”, comentou Corinna Lawrenz, presidente da Veredas da Estrela. “No nosso Soito do Futuro, que estamos a restaurar após o incêndio de 2022, queremos contribuir tanto para a produção local de alimentos como para a diversidade dos ecossistemas, e esta partilha de conhecimentos foi muito valiosa para nós.”
Esta saída de campo, que contou com o apoio do Município de Gouveia, foi a primeira de 10 jornadas prático-teóricas do lado português da fronteira, após o arranque do projeto na Galiza a 20 de outubro, onde a primeira jornada explorou técnicas de infiltração de água numa área recentemente deseucaliptizada.
As atividades de formação teórico-prática continuarão até abril de 2026, explorando técnicas de gestão e promovendo o intercâmbio de experiências para fortalecer a resiliência ambiental e social das comunidades rurais.
A próxima jornada terá lugar no Ribeiro (Ourense, Galiza), a 16 de novembro. O projeto é aberto ao público e oferece uma acreditação de formação aos participantes.