Banner

Foto: Anja Odenberg/Pixabay

Biodiversidade: o que é e como a podemos proteger?

22.10.2024

As Nações Unidas e delegados de cerca de 200 países estão reunidos na Colômbia, na COP16, para tentar travar a extinção de espécies e a perda de habitats em todo o mundo. Saiba o que é a biodiversidade e o que está a ser feito para a proteger.

O que é a “biodiversidade” e porque é importante?

Em termos simples, biodiversidade refere-se a todos os tipos de vida na Terra. É a “diversidade dentro das espécies, entre espécies e de ecossistemas, incluindo plantas, animais, bactérias e fungos”, segundo a Convenção da ONU para a Diversidade Biológica. Estes três níveis trabalham em conjunto para criar vida na Terra e toda a sua complexidade.

A diversidade de espécies mantém o ecossistema do planeta em equilíbrio e dá-nos tudo aquilo de que nós, seres humanos, precisamos para sobreviver, incluindo alimentos, água potável, medicamentos e abrigo. 

Foto: Joana Bourgard

Além disso, a biodiversidade é a nossa maior defesa natural contra as alterações climáticas. Os ecossistemas da terra e os oceanos funcionam como sumidouros de carbono, absorvendo mais de metade de todas as emissões.

Porque estamos a falar dela agora?

Porque está a decorrer, até 1 de Novembro a Conferência das Partes (COP)16 em Cali, na Colômbia. É a primeira conferência depois da assinatura do Quadro Global de Biodiversidade de Kunming-Montreal, na COP15 em 2022, em Montreal, Canadá. O objectivo principal desta COP16 é conseguir passar das palavras à acção, ou seja, os cerca de 200 países devem mostrar como vão fazer para cumprir as metas definidas e acordadas em 2022. Os delegados estão a debater como vão restaurar os mares e a terra de forma a proteger o planeta e a respeitar os direitos das comunidades locais.

Há mesmo uma crise da biodiversidade?

Sim. É muito grave e precisa de acção urgente. Os habitats estão a ser degradados, desde a desflorestação da Amazónia ao desaparecimento dos mangais. “A forma como usamos a terra e o mar é um dos principais causadores da perda de biodiversidade”, segundo as Nações Unidas. Desde 1990, o mundo perdeu cerca de 420 milhões de hectares de floresta. Outras causas da perda de biodiversidade são a sobre-exploração pesqueira e as espécies exóticas invasoras.

Foto: Pexels/Pixabay

Tudo isto está a empurrar cerca de um milhão de espécies de plantas e animais para a extinção. Desde aos orangotangos da Indonésia e aos tigres no Sul da China aos supostos animais e plantas “comuns” como algas, papagaios ou carvalhos. Os cientistas alertam que esta é a maior perda de vida desde os dinossauros.

“A perda da biodiversidade afecta a forma como os ecossistemas funcionam, fazendo com que as espécies sejam menos capazes de responder às mudanças no ambiente e tornando-as mais vulneráveis.” “Se um ecossistema tiver uma vasta diversidade de organismos, é provável que não seja afectado da mesma forma. Por exemplo, se uma espécie desaparecer, outra semelhante poderá tomar o seu lugar.”

O que é o Quadro Global de Biodiversidade?

Este Plano é um acordo promovido pelas Nações Unidas, e adoptado por 196 países, para guiar a acção mundial pela natureza até 2030.

O objectivo é responder à perda da biodiversidade, restaurar ecossistemas e proteger os direitos dos povos indígenas.

Para isso, prevê medidas concretas para travar e reverter a perda da natureza, incluindo proteger 30% do planeta e 30% dos ecossistemas degradados. Actualmente, 17% da terra e 8% de áreas marinhas são protegidas. O Plano contém ainda propostas para aumentar o financiamento a países em desenvolvimento e povos indígenas.

Foto: Helena Geraldes

Agora, os países têm de apresentar estratégias nacionais de biodiversidade e planos de acção ou rever as suas metas nacionais para cumprir este Plano.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

Don't Miss