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Fêmea de leão-africano. Foto: Stig Nygaard/Wiki Commons

Descobertas na Etiópia misteriosas populações de leões africanos

01.02.2016

Sabia-se que poderiam existir mas a comunidade internacional ainda não tinha conseguido confirmar a presença de leões no Noroeste da Etiópia. Mas uma expedição recente feita por uma organização de conservação da vida selvagem confirma, pela primeira vez, que há uma população de, pelo menos, cem leões num parque nacional remoto naquele país, foi revelado nesta segunda-feira.

 

A descoberta foi feita durante uma expedição de 22 a 29 de Novembro do ano passado ao coração do Parque Nacional de Alatash, no Noroeste da Etiópia, na fronteira com o Sudão, liderada por Hans Bauer, investigador da Universidade de Oxford reconhecido pelo seu trabalho pela conservação dos leões. O grande objectivo desta missão era averiguar a ocorrência de leões no Ecossistema Transfronteiriço Alatash-Dinder, a fim de actualizar e refinar o mapa de distribuição dos leões (Panthera leo) em África.

“Alatash é uma região enorme que muito poucas pessoas visitaram”, lembra a organização Born Free, em comunicado. O Parque Nacional tem 2.666 quilómetros quadrados. “Apesar de se acreditar que vivem ali leões há séculos, e de os locais saberem da sua existência, a comunidade internacional ainda não tinha conhecimento deles”, acrescenta.

Durante a expedição, a equipa emitiu sons de búfalos com a ajuda de megafones – para atrair os leões -, instalou câmaras de controlo remoto, pôs-se à escuta de rugidos à noite, falou com os funcionários do parque nacional e inspeccionou caminhos à procura de indícios, como pegadas.

Agora, Bauer e a sua equipa encontraram “provas únicas e irrefutáveis da presença de leões na região, obtidas através de câmaras de controlo remoto e da análise de indícios”.

A Além de Alatash, a equipa da Born Free acredita que possam existir leões também no vizinho Parque Nacional Dinder, no Sudão. “Sem qualquer dúvida, os leões estão presentes no Parque Nacional de Alatash e no Parque Nacional Dinder”, diz Hans Bauer.

O conservacionista estima que a densidade de leões seja de um ou dois animais por 100 quilómetros quadrados. “Numa superfície total de cerca de 10.000 quilómetros quadrados, isto significa uma população de 100 a 200 leões para todo o ecossistema. Entre 27 e 54 estarão em Alatash.” A região tem poucos pontos de água e poucas presas, o que explica esta baixa densidade.

“Em toda a minha carreira, tive de rever os mapas de distribuição dos leões muitas vezes”, disse Hans Bauer ao site NewScientist. “Apaguei uma população atrás da outra. Esta é a primeira vez e, provavelmente, a última que estou a colocar uma nova.”

O leão africano está classificado como Vulnerável na Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN).

“A confirmação de que os leões continuam a existir nesta área é uma notícia entusiasmante”, comentou o presidente da organização, Adam M. Roberts. “Com os números dos leões em declínio acentuado em muitas zonas do continente africano, a descoberta de populações ainda não confirmadas é muitíssimo importante.”

 

[divider type=”thick”]Saiba mais sobre o leão africano.

Algo está a acontecer aos leões em África

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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