Saiba o que pode ver e como explorar um dos pontos de referência turística para ver o nascer do sol na ilha da Madeira, o Ecossítio do Dregoal, situado na freguesia do Caniçal a uma altitude de 276 metros.
Neste início de ano, o que vos parece acompanharem-nos ao Ecossítio do Dregoal, de pés no chão, por cima do casario, imersos no Sítio de Interesse Comunitário do Pico do Facho, a acenar para o Porto Santo e Desertas, com um espelho azul oceano à vossa frente e gritar para a ponta mais a Leste da ilha da Madeira: Bom dia Sol!?
Se quiser assistir ao nascer do Sol, e dependendo da altura do ano, é sempre aconselhável perceber a que horas nasce o Sol no horizonte e quanto tempo demora entre o local onde pára o carro e o sítio definido. É importante também contar com mais um pouco de tempo à procura do enquadramento perfeito para o típico lapso de tempo e o local para estender uma mantinha e apreciar o despertar de mais um dia.
Falemos então do Dregoal! Um ecossítio cuja toponímia nos deixa a pensar, apesar de parecer tão óbvio. Existe, pois, uma espécie endémica da Macaronésia de seu nome científico Dracaena Draco, comummente designada Dragoeiro, que se diz vir da palavra grega “drakaiano” que significa dragão. A sua seiva, após um corte, é de tom vermelho, assemelhando-se à cor do sangue de dragão, imagina-se. Embora estejamos no andar fitoclimático propício para o desenvolvimento desta espécie, aqui, nem um rasto dela. Será que houve, em tempos?
O percurso até ao Dregoal é um grande contraste cénico, pois a desordem prevalece nos terrenos privados adjacentes ao percurso. Ainda assim podemos encontrar algumas ideias ecológicas como, por exemplo, o acesso a terrenos através de degraus montados em grades de cerveja ou até capoeiras delimitadas com resíduos domésticos inutilizados.
A esperança mantém-se sempre que olhamos para o horizonte, limitado por dois cumes.
Conforme caminhamos ao longo do pequeno vale, a meia encosta da margem direita da ribeira do Natal, aumenta a amplitude visual e percepcionamos já o lusco-fusco.
O trilho estreita-se a anunciar que estamos quase lá. Por entre pequenos arbustos de malfuradas (Globularia salicina) e urze (Erica canariensis) sentimos as várias texturas que o solo nos apresenta.
Finalmente sentimos o vento e a liberdade de uma janela escancarada à nossa espera. Caminhando até à ponta do pequeno lombo, encontramos o local para, finalmente, apreciarmos mais um espetáculo do Universo, em silêncio, e aqui tão perto.
As luzes artificiais da urbe vão sendo adormecidas à medida que o dia nasce e a azáfama das deslocações terrestres, marítimas e aéreas começam com ele. Mas a luz que renasce e ilumina, bem calmamente a encosta e nos apresenta todos os tons de verde, oferece-nos a serenidade que precisamos para mais um ano de novas descobertas e aventuras.
No regresso analisamos melhor cada volume e, infelizmente, detetamos já a acácia-Austrália (Acacia melanoxylon) e a giesta (Spartium junceum), duas invasoras a trespassar este habitat protegido.
Ainda assim destacam-se agora os vários tons de cinza e castanhos que o Complexo Vulcânico Intermédio nos oferece e o romper dos filões tão demarcados indicam-nos as direções, Leste e o Oeste.
Aproveitemos então estas ofertas na Natureza que nos ajudam a preparar este Novo Ano, ou continuação de vida, com mais verde esperança, cinza tranquila, castanho consciente, azul espiritual e amarelo optimista.
Este artigo faz parte da série que nos dá a conhecer a riqueza da biodiversidade na ilha da Madeira e alguns projetos ligados à sua conservação, publicado em parceria com a Associação Insular de Geografia. Desta vez através do seu projecto Ecos Machico, ligado à sustentabilidade territorial.