No ano passado, a equipa de veterinários, tratadores e enfermeiros do CERVAS (Centro de Ecologia, Recuperação e Vigilância de Animais Selvagens), em Gouveia, recebeu 553 animais selvagens, desde corujas a esquilos, abutres, raposas e até um gato-bravo. Aqui ficam as melhores imagens de um ano a ajudar a natureza.
O ano de 2015 foi de muito trabalho para este centro criado há cerca de 12 anos em Gouveia, no Parque Natural da Serra da Estrela. Nele trabalham um médico veterinário e director clínico, um tratador e uma enfermeira veterinária. Em 2015, a equipa teve a ajuda de 21 voluntários e ainda recebeu 15 estagiários.
Entre 1 de Janeiro e 31 de Dezembro de 2015, os técnicos da ALDEIA – associação que, desde 2009, gere o centro do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) – receberam 553 animais, apenas 376 vivos, segundo o relatório de actividades de 2015. Em 2014 tinham recebido menos 190 animais.
A juntar-se a estes 376 há que cuidar dos 32 que vivem no centro, dez dos quais irrecuperáveis.
A lista das espécies que deram entrada no centro ao longo de 2015 é encabeçada pelas aves de rapina nocturnas, como os mochos e as corujas, com um total de 145 aves.
Os mochos-galegos (Athene noctua) continuam a aumentar, mantendo uma tendência dos últimos anos. Mas 2015 foi o ano com o maior aumento de corujas-das-torres (Tyto alba) registado até à data.
Em segundo lugar na lista das espécies estão os passeriformes (115 aves) e os Falconiformes (101). Além destes, ingressaram animais de 94 espécies diferentes, como o esquilo-vermelho, o gato-bravo e o texugo (Meles meles).
As razões pelas quais os animais precisam do CERVAS são várias. A principal é a queda do ninho (135), como esta cria de bufo-real (Bubo bubo) que fracturou uma asa.
Esta cria de esquilo (Scirius vulgaris) ingressou no centro com mais três irmãos depois de a árvore onde estava o seu ninho ter sido cortada.
Depois da queda do ninho, a segunda principal causa é o atropelamento (110), seguida pela captura e cativeiro ilegal (57) e tiro (18).
Os animais selvagens recebidos vieram, principalmente, do distrito da Guarda (220), Coimbra (158) e Viseu (120), especialmente pelas mãos do SEPNA (Serviço de Proteção da Natureza e do Ambiente) da GNR, que ali entregou 218 animais.
No ano passado foram libertados 237 animais do total dos que estavam em recuperação, o que representa uma taxa de libertação de 59,54%.
“Estes resultados tornam 2015 no segundo melhor ano desde o início da actividade do CERVAS ao nível do sucesso da devolução à natureza”, segundo o relatório de actividades do centro.
Os dias das libertações são dias especiais. Em 2015 houve 159 acções de devolução à natureza, no qual se envolveram 5510 pessoas, o número mais elevado de sempre.
Os ciclistas da Só Pedala também quiseram fazer parte do momento da libertação da vida selvagem. A 19 de Abril assistiram à devolução à natureza da águia-d’asa-redonda (Buteo buteo) que tinham encontrado debilitada, meses antes, na berma de uma estrada.
Normalmente, os animais são libertados em Julho e Agosto. De acordo com o CERVAS, as datas têm a ver com o elevado número de ingressos nos meses da Primavera e início do Verão e com a necessidade de libertar os animais dentro do período de ocorrência regular das espécies migratórias, sempre que possível.
Mais de 680 crianças das escolas da região participaram nestas devoluções à natureza e ficaram a conhecer melhor o mundo da conservação da natureza.
[divider type=”thin”]Agora é a sua vez.
Se encontrar um animal selvagem ferido, aqui ficam os contactos do SEPNA. O ICNF reúne aqui os contactos da rede com os 14 centros que recebem animais selvagens em Portugal, de Norte a Sul.