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As melhores imagens de um ano a salvar animais selvagens em Gouveia

13.01.2016

No ano passado, a equipa de veterinários, tratadores e enfermeiros do CERVAS (Centro de Ecologia, Recuperação e Vigilância de Animais Selvagens), em Gouveia, recebeu 553 animais selvagens, desde corujas a esquilos, abutres, raposas e até um gato-bravo. Aqui ficam as melhores imagens de um ano a ajudar a natureza.

 

O ano de 2015 foi de muito trabalho para este centro criado há cerca de 12 anos em Gouveia, no Parque Natural da Serra da Estrela. Nele trabalham um médico veterinário e director clínico, um tratador e uma enfermeira veterinária. Em 2015, a equipa teve a ajuda de 21 voluntários e ainda recebeu 15 estagiários.

 

 

Entre 1 de Janeiro e 31 de Dezembro de 2015, os técnicos da ALDEIA – associação que, desde 2009, gere o centro do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) – receberam 553 animais, apenas 376 vivos, segundo o relatório de actividades de 2015. Em 2014 tinham recebido menos 190 animais.

 

 

A juntar-se a estes 376 há que cuidar dos 32 que vivem no centro, dez dos quais irrecuperáveis.

A lista das espécies que deram entrada no centro ao longo de 2015 é encabeçada pelas aves de rapina nocturnas, como os mochos e as corujas, com um total de 145 aves.

 

 

Os mochos-galegos (Athene noctua) continuam a aumentar, mantendo uma tendência dos últimos anos. Mas 2015 foi o ano com o maior aumento de corujas-das-torres (Tyto alba) registado até à data.

Em segundo lugar na lista das espécies estão os passeriformes (115 aves) e os Falconiformes (101). Além destes, ingressaram animais de 94 espécies diferentes, como o esquilo-vermelho, o gato-bravo e o texugo (Meles meles).

 

 

As razões pelas quais os animais precisam do CERVAS são várias. A principal é a queda do ninho (135), como esta cria de bufo-real (Bubo bubo) que fracturou uma asa.

 

 

Esta cria de esquilo (Scirius vulgaris) ingressou no centro com mais três irmãos depois de a árvore onde estava o seu ninho ter sido cortada.

 

 

Depois da queda do ninho, a segunda principal causa é o atropelamento (110), seguida pela captura e cativeiro ilegal (57) e tiro (18).

Os animais selvagens recebidos vieram, principalmente, do distrito da Guarda (220), Coimbra (158) e Viseu (120), especialmente pelas mãos do SEPNA (Serviço de Proteção da Natureza e do Ambiente) da GNR, que ali entregou 218 animais.

 

 

No ano passado foram libertados 237 animais do total dos que estavam em recuperação, o que representa uma taxa de libertação de 59,54%.

 

 

“Estes resultados tornam 2015 no segundo melhor ano desde o início da actividade do CERVAS ao nível do sucesso da devolução à natureza”, segundo o relatório de actividades do centro.

Os dias das libertações são dias especiais. Em 2015 houve 159 acções de devolução à natureza, no qual se envolveram 5510 pessoas, o número mais elevado de sempre.

 

 

Os ciclistas da Só Pedala também quiseram fazer parte do momento da libertação da vida selvagem. A 19 de Abril assistiram à devolução à natureza da águia-d’asa-redonda (Buteo buteo) que tinham encontrado debilitada, meses antes, na berma de uma estrada.

 

 

Normalmente, os animais são libertados em Julho e Agosto. De acordo com o CERVAS, as datas têm a ver com o elevado número de ingressos nos meses da Primavera e início do Verão e com a necessidade de libertar os animais dentro do período de ocorrência regular das espécies migratórias, sempre que possível.

 

 

Mais de 680 crianças das escolas da região participaram nestas devoluções à natureza e ficaram a conhecer melhor o mundo da conservação da natureza.

 

 

[divider type=”thin”]Agora é a sua vez.

Se encontrar um animal selvagem ferido, aqui ficam os contactos do SEPNA. O ICNF reúne aqui os contactos da rede com os 14 centros que recebem animais selvagens em Portugal, de Norte a Sul.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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